Blog do Adilson Ribeiro

Terça Feira – 19:50 – Vídeo de abordagem da PM gravado por jornalista detido é divulgado

Vinícius Arruda foi indiciado por desobediência nesta segunda-feira (10)

O vídeo gravado pelo repórter do jornal Metro, Vinícius Arruda, durante uma abordagem policial em Jardim da Penha, na manhã desta segunda-feira (10) foi divulgado pela empresa nesta terça-feira (11). As imagens mostram quatro policiais militares fazendo uma abordagem a dois homens. Eles revistam os suspeitos de terem assediado uma mulher em um coletivo e pedem que eles fiquem contra a parede com as pernas abertas.

Naquele momento, um dos PMs, identificado como soldado Malverdi, percebe a presença do repórter. Ele se aproxima de Vinícius e diz: “Seu celular será usado como prova, tá”. O repórter responde: “Pode ser usado. Não tem problema não”. Em seguida, o policial mostra a placa de identificação presa à farda e diz: “Grava aqui meu nome: Sd. Malverdi. O senhor vai pro DPJ comigo”.

Sem entender, Vinícius se identifica como repórter e pergunta o porquê de ter que ir até a delegacia. Os policiais afirmam que ele é testemunha dos dois acusados e que, por isso, seria levado.

“Por que eu sou testemunha dele? Eu estou filmando o trabalho dos senhores, o que é o meu trabalho, diga-se de passagem”, responde. A partir daí, os policiais militares pedem o documento de identidade e a identificação da empresa, ameaçando algemá-lo por desobediência, caso ele não entregue.

O repórter entrega os dois documentos, mas acaba sendo conduzido ao Departamento de Polícia Judiciária (DPJ) de Vitória mesmo assim. A princípio, Vinícius foi informado que seria testemunha dos dois acusados de assédio mas, ao chegar à delegacia, acabou indiciado por desobediência.

“O delegado deu credibilidade à palava dos militares e infelizmente o Vinícius pode virar réu. Mas nós vamos provar a inocência dele”, afirmou o advogado Rodrigo Carlos Horta.

Horta, que conversou com o repórter na manhã desta terça, afirmou que ele está muito abalado, porém lúcido. “Ele está sendo acusado de desobedecer uma ordem que não existe. É a liberdade de imprensa que está em jogo. Aqui não é a Coreia do Norte. Pode filmar a polícia em via pública sim”, finalizou.

 

A CONFUSÃO

Vinícius Arruda foi detido após filmar abordagem de PMs

 

O jornalista Vinícius Arruda seguia para o trabalho, por volta das 10h30 desta segunda-feira (11), quando viu uma abordagem policial que, naquele momento, pareceu-lhe “fora do padrão”. Seguindo o instinto da profissão, parou e começou a filmar. Oito horas depois, ele deixava a delegacia de Vitória, na condição de indiciado por desobediência.

“Como repórter, achei prudente parar, até mesmo para acompanhar essa abordagem que, a meu ver estava fora do padrão. Estacionei como eu pude, desci do carro e com o celular da empresa comecei a fazer imagens”, relatou o repórter do jornal Metro.

Ele contou que parou a cerca de cinco metros do local da abordagem, na altura de uma praça, em Jardim da Penha. “Os policiais interromperam a abordagem para conversar comigo de o porquê eu estar ali e por que estava filmando”, disse.

A reportagem assistiu ao vídeo feito por Vinícius. Um grupo de militares abordava dois flanelinhas acusados de assediar uma mulher em um ônibus. Quando percebem a filmagem, dois deles, em momentos diferentes, param e vão em direção ao jornalista. Questionam quem ele é e pedem identificação.

O repórter apresenta o documento pessoal e o crachá. Um dos policiais diz que o repórter tem que ser conduzido para a delegacia. Vinícius diz que não pode ser conduzido e ainda afirma: “Não estou dizendo que o senhor está errado”. Ao insistir com o jornalista de que ele será conduzido, um dos soldados afirma então, mais de uma vez, que ele vai ser levado para a delegacia na condição de testemunha.

“Em nenhum momento deram voz de prisão. E só aqui dentro da delegacia eu fui saber que estava preso por desobediência”, relata.

O advogado de Vinícius, Rodrigo Horta, diz que a versão da PM é de que o repórter “se aproximou muito”. “E que houve vários alertas para ele se afastar. E em razão disso, ele teria atrapalhado a abordagem policial. E não é isso que o vídeo mostra. O vídeo mostra o jornalista parado filmando e a todo tempo aquele policial querendo o celular”, diz o advogado.

O caso agora vai para o Ministério Público do Estado, que avaliará se denunciará Vinícius ou não à Justiça.

INTIMIDAÇÃO

A reportagem tentou falar com os militares que prenderam Vinícius, mas eles não quiseram dar entrevista. Um deles se aproximou do repórter fotográfico de A GAZETA e pediu para falar sozinho com o profissional, que se negou. E então, na frente de outros profissionais da imprensa, disse que não autorizava ser fotografado.

“Não cabe a um militar querer impedir que uma ação policial seja filmada. Pelo contrário, se a ação dele é boa, deve ser filmado, divulgado. Vai fazer bem para a instituição”, afirma Horta.

Emocionado, Vinícius falou sobre a situação. “Estar na rua todos os dias trabalhando como repórter para levar a notícia não é uma profissão fácil. E todos nós, enquanto jornalistas, devemos ser respeitados, assim como a gente procura respeitar todos os dias o trabalho de vocês (policiais).”

OPINIÃO DE A GAZETA

A prisão de um jornalista, no exercício de sua função, é ato da maior gravidade que exige esclarecimentos do governo do Estado. O gesto violento dos policiais, que possivelmente temiam a revelação de abusos na abordagem de suspeitos, merece ser apurada com o máximo rigor. São insuficientes as declarações dadas até o momento pelo governo, que, em manifestação burocrática, disse repudiar a “ação intimidatória”. Mais do que intimidatória, a prisão do jornalista é um atentado à democracia. O jornalista, no exercício da função, representa os olhos da sociedade. Esse ato autoritário é inaceitável.

“ESSA NÃO É UMA ATITUDE APROVADA”

O Governo do Estado informou nesta segunda, por nota, que repudia qualquer ação intimidatória contra jornalistas no exercício da função, que preza pela liberdade de expressão e reconhece o trabalho dos jornalistas como essencial na construção da democracia.

A secretária de Estado de Comunicação, Andréia Lopes, também falou sobre o caso: “Já mantive contato com o sindicato (dos Jornalistas) e tenho certeza que essa não é uma atitude aprovada pela Secretaria de Segurança Pública”.

Há um acordo entre o Sindicato dos Jornalistas do Espírito Santo e a Secretaria de Estado de Segurança Pública para que não seja impedida a realização de imagens por jornalistas no exercício de suas funções. Sobre isso, Andréia Lopes diz que “em nenhum momento, esse acordo teve motivo para ser rompido”.

“Isso foi uma atitude isolada. Nós respeitamos o trabalho da Polícia Militar, mas também acreditamos que o direito de trabalho do jornalista tem que ser respeitado, direito de se produzir um vídeo”, disse.

O chefe da Polícia Civil do Estado, Guilherme Daré, disse que respeita o trabalho da imprensa. “O procedimento do delegado foi ouvir as partes envolvidas e agir dentro do princípio da legalidade.”

ENTIDADES DE CLASSE REPUDIAM AÇÃO DA POLÍCIA

Para sindicatos e associações, medida é atentado contra a liberdade de imprensa A ação da Polícia Militar de prender o jornalista Vinícius Arruda foi repudiada pelas entidades de classe do jornalismo ontem. “O Sindijornalistas e a Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas) estão perplexos com mais uma atitude intimidatória de agentes públicos do Estado que nada mais são do que um atentado à liberdade de imprensa e ao direito do profissional exercer sua profissão”, cita trecho da nota.

Apontaram ainda a “falta de compromisso” da Secretaria de Estado de Segurança Pública, que em reunião com a direção do Sindicato dos Jornalistas afirmou, em 2013, “que sempre respeitaria jornalistas que se identificassem ao filmar qualquer ação policial em vias públicas, como foi o caso”.

“Esperamos que o governo do Estado reveja esta posição autoritária e descabida das forças de segurança do Espírito Santo, que, em vez de investir contra trabalhadores, garanta a segurança para todos os capixabas.”

A Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) também repediu “veementemente a detenção do repórter Vinícius Arruda, do Jornal Metro”. A Abert condena a arbitrariedade da ação policial e a violência à liberdade de expressão.

JORNAL METRO

O Metro Jornal por nota lamentou o episódio. “Jornalista é jornalista 24 horas por dia. E Vinícius foi movido por seu profissionalismo ao tentar gravar cenas de uma abordagem policial. Vinicius tinha esse direito como repórter e como cidadão, mesmo porque ele fazia sua gravação num local público e a uma distância suficiente para não se envolver diretamente na ação da polícia. O episódio é lamentável não só porque um jornalista teve sua liberdade cerceada, mas porque houve um desrespeito flagrante ao estado de direito.”

“Por isso o Metro Jornal só espera das autoridades responsáveis que elas sejam realmente responsáv Writing Studio da maior gravidade que exige esclarecimentos do governo do Estado. O gesto violento dos policiais, que possivelmente temiam a revelação de abusos na abordagem de suspeitos, merece ser apurada com o máximo rigor. São insuficientes as declarações dadas até o momento pelo governo, que, em manifestação burocrática, disse repudiar a “ação intimidatória”. Mais do que intimidatória, a prisão do jornalista é um atentado à democracia. O jornalista, no exercício da função, representa os olhos da sociedade. Esse ato autoritário é inaceitável.

“ESSA NÃO É UMA ATITUDE APROVADA”

O Governo do Estado informou nesta segunda, por nota, que repudia qualquer ação intimidatória contra jornalistas no exercício da função, que preza pela liberdade de expressão e reconhece o trabalho dos jornalistas como essencial na construção da democracia.

A secretária de Estado de Comunicação, Andréia Lopes, também falou sobre o caso: “Já mantive contato com o sindicato (dos Jornalistas) e tenho certeza que essa não é uma atitude aprovada pela Secretaria de Segurança Pública”.

Há um acordo entre o Sindicato dos Jornalistas do Espírito Santo e a Secretaria de Estado de Segurança Pública para que não seja impedida a realização de imagens por jornalistas no exercício de suas funções. Sobre isso, Andréia Lopes diz que “em nenhum momento, esse acordo teve motivo para ser rompido”.

“Isso foi uma atitude isolada. Nós respeitamos o trabalho da Polícia Militar, mas também acreditamos que o direito de trabalho do jornalista tem que ser respeitado, direito de se produzir um vídeo”, disse.

O chefe da Polícia Civil do Estado, Guilherme Daré, disse que respeita o trabalho da imprensa. “O procedimento do delegado foi ouvir as partes envolvidas e agir dentro do princípio da legalidade.”

ENTIDADES DE CLASSE REPUDIAM AÇÃO DA POLÍCIA

Para sindicatos e associações, medida é atentado contra a liberdade de imprensa A ação da Polícia Militar de prender o jornalista Vinícius Arruda foi repudiada pelas entidades de classe do jornalismo ontem. “O Sindijornalistas e a Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas) estão perplexos com mais uma atitude intimidatória de agentes públicos do Estado que nada mais são do que um atentado à liberdade de imprensa e ao direito do profissional exercer sua profissão”, cita trecho da nota.

Apontaram ainda a “falta de compromisso” da Secretaria de Estado de Segurança Pública, que em reunião com a direção do Sindicato dos Jornalistas afirmou, em 2013, “que sempre respeitaria jornalistas que se identificassem ao filmar qualquer ação policial em vias públicas, como foi o caso”.

“Esperamos que o governo do Estado reveja esta posição autoritária e descabida das forças de segurança do Espírito Santo, que, em vez de investir contra trabalhadores, garanta a segurança para todos os capixabas.”

A Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) também repediu “veementemente a detenção do repórter Vinícius Arruda, do Jornal Metro”. A Abert condena a arbitrariedade da ação policial e a violência à liberdade de expressão.

JORNAL METRO

O Metro Jornal por nota lamentou o episódio. “Jornalista é jornalista 24 horas por dia. E Vinícius foi movido por seu profissionalismo ao tentar gravar cenas de uma abordagem policial. Vinicius tinha esse direito como repórter e como cidadão, mesmo porque ele fazia sua gravação num local público e a uma distância suficiente para não se envolver diretamente na ação da polícia. O episódio é lamentável não só porque um jornalista teve sua liberdade cerceada, mas porque houve um desrespeito flagrante ao estado de direito.”

“Por isso o Metro Jornal só espera das autoridades responsáveis que elas sejam realmente responsáveis e punam quem merece ser punido, com medidas equivalentes à gravidade do caso.”

..

 

Fonte:  Gazeta On line Writing Studio

4 comentários sobre “Terça Feira – 19:50 – Vídeo de abordagem da PM gravado por jornalista detido é divulgado

  1. Uma simples opinião

    Divido se fosse Marcelo Rezende,kako Barcelos,Roberto Carine etc.
    Se faria isso.
    Foi igual ao repórter do seu blog.
    Os policiais fazendo o serviço deles é o repórter o mesmo.

  2. Celina

    Eu acho que deve filmar sim. Até porquê a abordagem é uma atitude legal praticada pela polícia e prevista em Lei. E quem age dentro da Lei não tem o que temer. Só não concordo com o fato de que na hora de mostrar a cara do policial pode e na hora de mostrar a cara de um bandido preso em flagrante a imprensa coloca uma mancha ou uma tarja preta pra gente não ver a cara do coitadinho. Tratamento diferente e claramente passando a mão na cabeça de vagabundos.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *