O deputado federal Jean Wyllys, reeleito para um terceiro mandato, comunicou nesta quinta-feira (24) que não assumiria o cargo, citando ameaças de morte e difamação. Veja como a renúncia repercutiu na imprensa internacional e entre políticos e entidades, do Brasil e de fora do país:
Reino Unido: The Guardian
“Único congressista abertamente gay do Brasil deixa o país após ameaças de morte”, diz jornal britânico — Foto: Reprodução/The Guardian
O britânico “The Guardian” lembra a amizade de Jean Wyllys com Marielle Franco, vereadora assassinada em março do ano passado. “Sua saída provavelmente aumentará o temor da comunidade LGBT no Brasil de que a homofobia aumente ainda mais sob o governo do presidente Jair Bolsonaro, que ganhou notoriedade por sua evidente homofobia”, diz o jornal.
Estados Unidos: The New York Times
“‘Eu preciso permanecer vivo’: legislador brasileiro gay desiste de mandato em meio a ameaças”, diz chamada do The New York Times — Foto: Reprodução/The New York Times
Nos EUA, o “The New York Times” destaca o papel de Jean Wyllys na luta pelos direitos LGBT, além das ameaças de morte citadas pelo deputado federal. “Wyllys tem sido alvo de ameaças de morte há anos, mas ele disse que essas ameaças se tornaram mais severas depois que Marielle Franco, uma defensora dos direitos humanos que era sua amiga e aliada política, foi assassinada”, afirma o jornal.
Estados Unidos: The Washington Post
“Legislador brasileiro abertamente gay deixa posto em meio a ameaças de morte”, diz o jornal — Foto: Reprodução/The Washington Post
Ainda nos Estados Unidos, o “The Washington Post” lembra dos embates frequentes entre Wyllys e o presidente Jair Bolsonaro, além das medidas de segurança adicionais adotadas pelo deputado após o assassinato de Marielle.
“Wyllys, que foi reeleito em outubro e deveria começar um terceiro mandato em fevereiro, disse que as ameaças de morte contra ele aumentaram significativamente desde que a vereadora do Rio de Janeiro, Marielle Franco, foi baleada e morta junto com seu motorista em março. Desde então, Wyllys, que representa o Rio de Janeiro, usa uma equipe de segurança”, relata o jornal.
Políticos e entidades
Hamilton Mourão
Hamilton Mourão — Foto: GloboNews
O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, se manifestou nesta sexta (25) sobre a saída de Wyllys: “quem ameaça parlamentar está cometendo um crime contra a democracia. Uma das coisas mais importante é você ter sua opinião e ter liberdade para expressar sua opinião”, disse.
Ciro Gomes
O ex-candidato à Presidência Ciro Gomes fez um apelo, em sua página no Facebook, para que Wyllys reconsiderasse a decisão:
“Estou profundamente indignado com a situação que leva um jovem parlamentar a não se sentir mais seguro em seu país e ter que ir embora para o exterior enquanto as autoridades brasileiras descambam para a canalhice pura e simples. Mesmo reconhecendo a gravidade de todas as ameaças, faço um apelo, se ainda for tempo, para que Jean Wyllys reflita e decida seguir lutando no Congresso Nacional contra todas essas barbaridades. Muitos resistiremos”.
Janaína Paschoal
Deputada estadual eleita por São Paulo com a maior votação na história do país, Janaína Paschoal comentou o caso no Twitter, afirmando que”quando esse parlamentar noticia que a causa da renúncia é ameaça, penso ser imperioso investigar. Já não é uma situação pontual, atinge a Democracia”, disse.
Luiz Mott
Fundador do Grupo Gay da Bahia — primeira associação dos direitos LGBT do Brasil —, Luiz Mott chamou a desistência de “triste verdade” em post no Facebook Writing Studio 37670ae4f538a/internal_photos/bs/2019/P/K/GetVxGQ5qWQmluKKPJ7g/jw-nyt-n2.jpg 2x” />