Blog do Adilson Ribeiro

Segunda-feira – 23:56 – Após morte de um dos filhos gêmeos, mãe denuncia que bebês tiveram tratamentos trocados em unidades de saúde no Rio. Veja abaixo:

Após os dois filhos gêmeos Lázaro e Isaías completarem pouco mais de um mês de vida, Alessandra Soares de Oliveira, de 22 anos, viveu uma peregrinação por unidades de saúde no Rio de Janeiro que terminou na morte de um dos bebês. A mãe denuncia que erros médicos e omissão foram responsáveis pela despedida precoce de Isaías, e conta que as crianças foram até mesmo trocadas ao serem transferidas para hospitais em busca de tratamento.

Moradora da comunidade Nova Holanda, no Complexo da Maré, na Zona Norte do Rio, ela conta que a sua saga teve início no dia 6 de abril quando levou o filho Lázaro para a UPA na Vila do João após perceber que o filho demonstrava estar muito cansado e com dificuldade de respiração. Segundo a dona de casa, ela chegou ao local em uma troca de plantões. Um médico pediu que a criança fosse internada, mas não teria avisado ao profissional que ficaria no lugar dele. Este, por sua vez, deu alta à criança, que apresentou os mesmos sintomas no dia seguinte.

No dia seguinte, ela foi a UPA da Ilha do Governador com os dois filhos. O quadro de Lázaro era o mesmo e Isaías demonstrava estar bastante resfriado e com muita cólica. No local, a mãe conta que mesmo apresentando condições distintas de saúde, os dois receberam o mesmo atendimento, com nebulização e uma vacina, e foram liberados novamente.

Na segunda-feira, dia 8 de abril, Alessandra disse que foi a Clínica da Família Jeremias Moraes, na Maré, para buscar um medicamento para as crianças. Mais uma vez Lázaro passou mal. A mãe conta que o bebê foi examinado e teria sido constatado um princípio de infarto. Ele também passou por uma aspiração. O médico teria então solicitado uma ambulância para levar o bebê para um hospital. Alessandra reclama da demora pelo socorro, que só teria chegado às 13h, e do fato dos dois bebês terem sido levados não para um hospital, mas novamente para a UPA da Vila do João.

Isaías e Lázaro tinham pouco mais de um mês de vida quanfo foram internados
Isaías e Lázaro tinham pouco mais de um mês de vida quanfo foram internados Foto: Arquivo pessoal

A espera na UPA

No local, Alessandra conta que o mesmo médico que a havia atendido no domingo estava no local e ficou surpreso ao vê-la, sem entender porque o filho dela havia sido liberado.

— Assim que ele me viu perguntou “mãe, o que é que você está fazendo aqui? Seu filho estava muito mal, não era pra ter saído”.

A mulher relata que Lázaro, que tinha um problema no coração, recebeu vários procedimentos. Isaías, por sua vez, não teve nenhum procedimento recomendado pelo médico, já que apresentava apenas um quadro que se assemelhava ao de um resfriado. Pouco tempo depois da internação, porém, a mãe conta que uma enfermeira decidiu por conta própria instalar um acesso em Isaías e fazer também nebulização nele.

Para Alessandra, a equipe médica deu a Isaías o mesmo tratamento que Lázaro, com um quadro mais grave, já vinha recebendo.

— Na hora não falei nada Writing Studio a mãe conta que mesmo apresentando condições distintas de saúde, os dois receberam o mesmo atendimento, com nebulização e uma vacina, e foram liberados novamente.

Na segunda-feira, dia 8 de abril, Alessandra disse que foi a Clínica da Família Jeremias Moraes, na Maré, para buscar um medicamento para as crianças. Mais uma vez Lázaro passou mal. A mãe conta que o bebê foi examinado e teria sido constatado um princípio de infarto. Ele também passou por uma aspiração. O médico teria então solicitado uma ambulância para levar o bebê para um hospital. Alessandra reclama da demora pelo socorro, que só teria chegado às 13h, e do fato dos dois bebês terem sido levados não para um hospital, mas novamente para a UPA da Vila do João.

Isaías e Lázaro tinham pouco mais de um mês de vida quanfo foram internados
Isaías e Lázaro tinham pouco mais de um mês de vida quanfo foram internados Foto: Arquivo pessoal

A espera na UPA

No local, Alessandra conta que o mesmo médico que a havia atendido no domingo estava no local e ficou surpreso ao vê-la, sem entender porque o filho dela havia sido liberado.

— Assim que ele me viu perguntou “mãe, o que é que você está fazendo aqui? Seu filho estava muito mal, não era pra ter saído”.

A mulher relata que Lázaro, que tinha um problema no coração, recebeu vários procedimentos. Isaías, por sua vez, não teve nenhum procedimento recomendado pelo médico, já que apresentava apenas um quadro que se assemelhava ao de um resfriado. Pouco tempo depois da internação, porém, a mãe conta que uma enfermeira decidiu por conta própria instalar um acesso em Isaías e fazer também nebulização nele.

Para Alessandra, a equipe médica deu a Isaías o mesmo tratamento que Lázaro, com um quadro mais grave, já vinha recebendo.

— Na hora não falei nada porque acreditei que se tratavam de médicos e enfermeiros capacitados. Imaginei que ele tinham certeza do que estavam fazendo e que não cabia a mim questionar — contou.

A mãe diz ainda que durante os dias em que esteve na UPA, a médica presente na unidade de saúde não monitorava os bebês. Além disso, um deles teria contraído uma infecção na mão, que, segundo Alessandra, foi resultado da falta de higiene do local.

Os irmãos ficaram até quarta-feira, dia 10 de abril, na UPA da Vila do João, recebendo a promessa diária de que seriam transferidos para um hospital, segundo a mãe. Eles passaram todos os dias com acessos nas veias e a mãe diz que não recebeu permissão para amamentar as crianças durante todos esses dias. Como os dois eram pequenos e se mexiam muito, as enfermeiras os perfuraram várias vezes.

Alessandra conta que um dos filhos teve o acesso colocado de maneira errada no braço, que acabou inchado. O outro bebês teve uma infecção na mão
Alessandra conta que um dos filhos teve o acesso colocado de maneira errada no braço, que acabou inchado. O outro bebês teve uma infecção na mão Foto: Acervo pessoal

Transferência para hospitais

Alessandra conta que, na quarta-feira, Isaías perdeu o acesso às 7h da manhã e uma enfermeira só o colocou novamente às 19h. Ela conta também que apenas na quarta-feira à noite uma médica disse que o bebê deveria ser amamentado. Assim que foi retirado do leito, ele teria ficado roxo, com batimentos muito fracos. Voltou para o acesso, mas logo depois foi levado a sala vermelha pela equipe médica.

— Assim que meu filho foi para o colo da minha irmã eu gritei que ele havia morrido. Isaías ficou roxo e não se mexia. Depois ele ainda deu uma reanimada. No meu entendimento não fazia sentido a médica tentar colocá-lo na mesma situação que estava, mas foi isso que fizeram — disse Alessandra.

Uma ambulância teria sido chamada em seguida. Na UPA, a mãe conta que a unidade móvel do local estava quebrada. Quando o veículo chegou, não era adaptado para um recém-nascido. Segundo a mãe, o motorista disse que havia sido informado de que levaria uma criança para o hospital, não um bebê. Não havia também oxigênio no veículo, de modo que a médica teria bombeado ar com o menino no colo até chegar ao Hospital Getúlio Vargas. O outro bebê, Lázaro, foi levado depois para o Hospital Geral de Bonsucesso. O problema, segundo ela, é que os destinos foram trocados. Isaías deveria ir para a UTI de Bonsucesso e Lázaro para a enfermaria do Getúlio Vargas.

O bebê Isaías faleceu no dia 23 de abril, de morte cerebral. Lázaro, por sua vez, recebeu alta apenas no dia 2 de maio. A mãe recebeu a recomendação de que ele não poderia sair de casa por dois meses. Por isso, disse que está “indo em busca de seus direitos” apenas agora, em setembro. Ela conta ainda que perdeu todos os documentos durante a gravidez, o que a impossibilitou que dar incício ao processo. Recentemente, fez a carteira de identidade e em breve vai emitir novamente o título de eleitor. Alessandra pretende processar as unidades de saúde.

— Não há um dia em que eu não choro pensando no meu filho. Não desejo a ninguém, ninguém, o que eu passei e vou buscar por Justiça — resume a mãe.

O que dizem as Secretarias de Saúde

Por meio de nota, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) disse que a Coordenação da UPA Maré informou que Lázaro Castilho de Oliveira Soares foi atendido na unidade em 06/04/19, sendo diagnosticado com bronquiolite. O paciente foi medicado e realizou exames, permanecendo em observação até a melhora dos sintomas, sem necessidade de internação.

No dia seguinte, Lázaro e seu irmão, Isaías Castilho de Oliveira Soares, deram entrada na UPA da Ilha do Governador apresentando quadro de tosse seca e dispneia. A Coordenação da UPA Ilha do Governador informa que, no momento da consulta, os irmãos encontravam-se em bom estado geral de saúde, foram medicados e liberados.

Já no dia 08/04, Lázaro e Isaías retornaram à UPA Maré, após atendimento em outra unidade, com confirmação do quadro de bronquiolite. A Coordenação da UPA Maré informa que os pacientes foram medicados e realizaram novos exames com conduta de internação. No dia 10/04, Lázaro foi transferido para o Hospital Federal Geral de Bonsucesso; e Isaías, para o Hospital Estadual Getúlio Vargas.

A Direção do Hospital Estadual Getúlio Vargas informa que o paciente Isaías Castilho de Oliveira Soares deu entrada na unidade em 10/04, encaminhado a UTI pediátrica, apresentando broncoespasmo e com agravamento do estado clínico evoluiu para insuficiência respiratória, sendo necessário entubação orotraqueal. Diagnosticado com bronquiolite e pneumonia, evoluiu para choque séptico e insuficiência renal. Durante toda a internação foi providenciado e realizado tratamento específico para todas as intercorrências clínicas relatadas acima, não obtendo evolução satisfatória, apresentando disfunções de múltiplos órgãos e evoluindo para óbito no dia 23/4.

Secretaria Municipal de Saúde (SMS) confirma que Alessandra esteve na Clínica da Família para buscar um medicamento e informa que ela aguardava atendimento na farmácia quando as crianças começaram a passar mal. O sistema da unidade registra abertura dos prontuários de Isaías às 9h35 e de Lázaro às 9h52. Segundo a SMS, as crianças foram atendidas pelo médico da unidade, para medicação e estabilização do quadro.

“Por segurança do paciente, somente com o quadro estabilizado é possível fazer a transferência. Ambas as crianças foram diagnosticadas com suspeita de pneumonia bacteriana não especificada. Não consta nos prontuários qualquer registro referindo “infarto”. As crianças passaram na unidade por nebulização e medicação e Lázaro, por apresentar vômitos, foi submetido a manobras para desobstrução das vias aéreas, reduzindo assim o risco de broncoaspiração. A transferência das crianças, já com os quadros iniciais estabilizados, foi pedida após as 10h e até a remoção os bebês permaneceram sob os cuidados necessários do médico e enfermeiros da unidade”, diz a nota.

-Fonte: Extra.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *