Organizador da festa desacatou os policiais e foi detido com outras oit Writing Studio a alegando que dezenas de pessoas estavam no local, embaladas em som alto, drogas e bebidas alcoólicas, com a presença de adolescentes e até crianças. A Polícia Militar foi recebida pelo organizador da festa. Segundo a corporação, ele proibiu o acesso ao imóvel e desacatou os policiais ao dizer: “Na minha casa ninguém entra, seus merdas”.
Diante da situação de flagrante e com apoio da Patamo, os policiais entraram na residência e deram voz de prisão ao dono do local, que resistiu e continuou com o xingamento. De acordo com a PM, pessoas foram flagradas com substâncias entorpecentes, como maconha, cocaína, haxixe e ecstasy.
A PM relatou ainda que havia muita bebida alcoólica e adolescentes, principalmente meninas, com sintomas de embriaguez, inclusive uma mulher com o filho de colo. O Conselho Tutelar foi acionado.
Em função do estado exaltado das pessoas que participavam da rave, a Polícia Militar explicou que foi necessário o uso de algemas para proteção dos agentes de segurança e dos próprios envolvidos. Foram registrados os crimes de injúria, desacato, perturbação da tranquilidade, resistência, uso e porte de substância entorpecente. Nove pessoas foram detidas.
Cerco a raves
As raves entraram na mira da Polícia Civil do DF após a morte da universitária Ana Carolina Lessa, 19 anos, em junho de 2018. A jovem foi a segunda vítima fatal por uso da n-etilpentilona em todo o país.
Os policiais querem descobrir como a droga chegou às mãos da estudante e se havia distribuição de n-etilpentilona na festa rave Arraiá Psicodélico, realizada na zona rural do Recanto das Emas. De acordo com a Polícia Federal, apenas duas apreensões do entorpecente foram feitas no Brasil até hoje, em Santa Catarina e no Rio Grande do Norte.
Segundo a delegada-chefe da 3ª DP, Cláudia Alcântara, testemunhas confirmaram a presença da droga no evento e o uso feito pela vítima.
Testemunhas ouvidas na delegacia disseram que, no evento, a universitária perdeu a noção de tempo e espaço, e começou a ferir o próprio corpo. Os relatos dão conta de que Ana Carolina começou a se atirar contra as grades do local, cada vez com mais violência, e depois a rastejar pelo chão. De acordo com os depoimentos, a impressão era de que a jovem tentava atravessar a cerca.
Primeira morte
Ana Carolina foi a primeira vítima fatal da n-etilpentilona no Distrito Federal. Em dezembro de 2017, no Rio Grande do Norte, Carlos Henrique Santa Oliveira, 32 anos, também morreu após fazer uso da substância em uma festa rave. O exame toxicológico confirmou a ingestão e foi divulgado pela Secretaria de Segurança Pública local. Os laudos foram realizados na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em São Paulo.
Pouco conhecida até por peritos criminais especializados em toxicologia, a n-etilpentilona entrou no registro de entorpecentes da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) apenas em março de 2017. O Metrópoles conversou com Bruno Telles, da Fundação de Peritos Ilaraine Acacio Arce e do Instituto de Criminalística (IC) da Polícia Civil, sobre as características da substância.
Confusão
De acordo com Telles, a n-etilpentilona e o MDMA (uma variação do ecstasy) têm efeitos estimulantes similares e causam euforia, podendo ser confundidos pelos usuários. No entanto, o perito explica que pouco se sabe sobre a toxicologia da nova substância. “Não sabemos, por exemplo, sobre os níveis tóxicos desse tipo de droga, ou seja, não é possível mensurar a quantidade que poderia levar uma pessoa à overdose”, explicou.
Algumas das formas de apresentação do novo produto foram periciadas nos laboratórios do IC. “Já a analisamos em sua forma de comprimidos, principalmente, mas ela também apareceu em formato de cristais”, disse.
Fonte: Metrópoles Writing Studio