Blog do Adilson Ribeiro

Basta uma olhada no site do IBGE-Instituto Brasileiro de Geografia, e o leitor saberá que a cidade, no ano de 2019, tinha a população estimada em 18.847 pessoas, e o salário médio mensal dos trabalhadores formais, no último registro, tem a média de 2, 2 salários mínimos.
Comparando-se com os salários dos cargos eleitos pela população como Prefeito: 21.112,83 reais, Vice-Prefeito: 7.037,61 reais e Vereador: 6.005,50 reais, a diferença salta aos olhos e explica, a firmeza com a qual os referidos políticos da pequena, pacata e querida cidade de Porciúncula., negaram recentemente um projeto popular de diminuição dos vencimentos, apresentado pelo cidadão porciunculense André Araújo em outubro do ano passado, muito antes de se pensar em Covid-19.
Ele colheu durante vários dias, nos horários das 13 às 23h, 850 assinaturas de moradores de vários bairros da cidade e protocolou na Câmara Municipal.
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Como o resto do Brasil, Porciúncula enfrenta graves dificuldades por causa do coronavírus, mas aliada às peculiaridades de um município pobre e pertencente à uma região igualmente pobre como a Noroeste do Estado do Rio, a negativa dos edis em reduzir os próprios vencimentos e consequentemente do Prefeito e Vice, causou espanto nos cidadãos, afinal, em outras cidades de porte semelhante, como Cardoso Moreira, na Região Norte do Estado do Rio, o Prefeito reduziu em 20% o salário dele, dos secretários e comissionados.
Os eleitos de Porciúncula perderam a chance de mostrar para a população que se preocupam de verdade com a situação atual. A negativa passou uma impressão muito egoísta de quem, pelo menos no momento, ganha bem melhor do que a maioria.
O sufoco financeiro pelo qual as contas municipais estão passando nestes dias de Covid-19 não sensibilizaram a classe política que, se preocupou somente em justificar a negativa de aceitarem as medidas do projeto de iniciativa popular encabeçada por André Araújo, usando os meios legais, citando inclusive a a Constituição Brasileira. Mas moralidade e legalidade nem sempre andam juntas, e o que o povo desejava e deseja, é uma adesão completa de seus representantes à uma causa legítima. Causa legítima que não foi suficiente para sensibilizar os impolutos senhores vereadores.
Talvez Seu Rolando Lero, personagem da Escolinha do Prof. Raimundo, vivido com maestria pelo saudoso ator Rogério Cardoso, fosse mais convincente do que os atores políticos de Porciúncula. Eles se aferraram aos ganhos e a população que, “se vire nos 30”, só para lembrarmos de mais um famoso programa televisivo.
Se houvesse boa vontade dos vereadores, entrariam em sintonia com a vontade popular e os aspectos formais nos quais se basearam, seriam deixados de lado.
Mas quem sabe em algumas das cabeças que lutaram pela não redução, a clarividência de que não ganharão outra chance de voltar às cadeiras do Legislativo Municipal nas próximas eleições, não tenha passado e feito com que tentassem segurar os dias de bonança?
Pode ser. Os eleitores de Porciúncula certamente se lembrarão de quem não quis estar ao lado deles na hora mais sombria.
Ou não, porque o que mais se tem hoje são eleitores de memória curta e oportunista. Tomara que Porciúncula faça diferente.
É o mínimo que se espera de uma cidade cheia de tradições e valores tão caros.

2,2 salários mínimos
Comparando a outros municípios
No país
1º
5570º
1139º
No Estado
1º
92º
23º
Na micro região
1º
7º

População estimada [2019] 18.847 pessoas

Da Redação do Blog do Adilson Ribeiro