Prefeitura paga 100% do 13º apenas para servidores da Educação. Siprosep e médicos divulgaram notas de repúdio
Com a demanda de trabalho aumentada por conta da pandemia da Covid, os profissionais de saúde de Campos passaram a ser comparados com super-heróis ao atuarem na linha de frente do combate à doença. Mas, são eles que agora, às vésperas do Natal, se sentem mais injustiçados, com o pagamento de apenas 25% do 13º salário. A prefeitura começou a pagar, no fim da tarde desta quarta-feira (23), o benefício, mas somente os servidores da Educação receberam 100%, através de verba destinada pelo Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb). Já os aposentados receberam apenas 40%. O Siprosep (Sindicato dos Servidores Públicos Municipais) e os profissionais da saúde divulgaram notas de repúdio.
O Siprosep foi contundente em parte de sua nota: “…Excelentíssimo Senhor prefeito, o senhor sabe quantas famílias estão sendo prejudicadas por sua incompetência?”. O sindicato confirmou que a Educação está recebendo 100% do 13º salário, os aposentados 40% e as demais categorias, 25%. Já a prefeitura não confirmou os percentuais pagos, informando apenas que “a equipe estava trabalhando para iniciar pagamentos”, tampouco disse se terá condições de pagar o restante até o final do mês.
Através das redes sociais e por telefone em contato com os Campos 24 Horas, servidores se mostraram decepcionados. “Fomos chamados de super-herois. Enfrentamos essa pandemia. Muitas vezes a maior parte da equipe estava em casa porque havia sido infectada. E, agora, é isso que recebemos em troca?”, disse uma servidora do Hospital Ferreira Machado, cuja identidade pediu para ser preservada.
O Siprosep e Sindicato dos Profissionais da Educação (Sepe) ingressaram com ações na Justiça, na tentativa de que recursos fossem bloqueados e o 13º garantido. Todavia, muitos pagamentos estão sendo feitos e a prefeitura tem prazo para responder as ações.
A Prefeitura informou também que todas as respostas necessárias serão dadas nos prazos legais estabelecidos pela Justiça. “Como já informado, o município trabalha para que pagamentos sejam realizados à medida em que há entrada de recursos”.
leia abaixo as notas de repúdio do Siprosep e dos médicos
NOTA DE REPÚDIO Writing Studio onados. “Fomos chamados de super-herois. Enfrentamos essa pandemia. Muitas vezes a maior parte da equipe estava em casa porque havia sido infectada. E, agora, é isso que recebemos em troca?”, disse uma servidora do Hospital Ferreira Machado, cuja identidade pediu para ser preservada.
O Siprosep e Sindicato dos Profissionais da Educação (Sepe) ingressaram com ações na Justiça, na tentativa de que recursos fossem bloqueados e o 13º garantido. Todavia, muitos pagamentos estão sendo feitos e a prefeitura tem prazo para responder as ações.
A Prefeitura informou também que todas as respostas necessárias serão dadas nos prazos legais estabelecidos pela Justiça. “Como já informado, o município trabalha para que pagamentos sejam realizados à medida em que há entrada de recursos”.
leia abaixo as notas de repúdio do Siprosep e dos médicos
NOTA DE REPÚDIO DOS MÉDICOS – Nós, médicos servidores PMCG vimos a público manifestar o nosso REPÚDIO ao pagamento de 25% do décimo terceiro. No dia 18 de março, a PMCG, através do decreto da pandemia, determinou a relotação de todos os médicos que atendiam nos seus ambulatórios para a linha de frente. Os médicos especialistas foram relotados para o atendimento ao COVID, permitindo a abertura do CCC. Os médicos generalistas foram desviados dos seus ambulatórios para cumprir plantão nas UPHS, HGG e HFM, cobrindo carências das equipes de emergência, fundamentais para o enfrentamento de uma pandemia com essa agressividade. Apesar do medo de adoecer e levar doença aos nossos, com angústia de lidar com uma doença desconhecida e letal e com insegurança por estarmos fora de nossas especialidades, prontamente nos apresentamos às novas tarefas. Suspendemos um movimento de greve por melhores condições de trabalho e atendimento. No dia 31/03/2020 o CCC abriu suas portas.
Tudo parado. Comércio fechado, aulas suspensas, ruas vazias e lá estávamos nós, prontos para encarar o desconhecido. Foram meses de muito trabalho e muito aprendizado. Perdas dolorosas. Meses de luta, cansaço, exaustão. Muitos de nós adoecemos e vimos nossos entes adoecerem, morrerem. E quando achamos que tudo voltaria à normalidade, um aumento absurdo de casos e novamente a cortina de fumaça nos assola. E cá estamos ainda. Trabalhando dia a dia, plantão a plantão. Atendendo, estudando, buscando o melhor para nosso paciente.
Não somos heróis. Somos pais, mães, filhos. Somos trabalhadores que amamos nosso trabalho e entendemos a necessidade de estar de pé nesse momento. É nosso direito, como é o de todos os trabalhadores, o recebimento do salário no final do mês. 13º salário não é presente nem cortesia. É o justo. É obrigação. Em um ano tão difícil para todos nós receber 25% do valor devido é desrespeitoso. Uma vergonha. Uma imoralidade.
O sofrimento só é intolerável quando ninguém cuida. E nosso repudio hoje traduz o descaso recebido após uma longa jornada cuidando do sofrimento alheio e ver desrespeitado o nosso próprio por aqueles que deveriam ser os nossos guardiões e não algozes.
Medicos da linha de frente ao atendimento das emergências COVID e não covid da Prefeitura Municipal de Campos
Fonte: Campos 24 Horas