Júlia Lotufo, viúva do miliciano Adriano Magalhães da Nóbrega, já está detalhando à polícia as ligações de parte da contravenção com o crime organizado. Por ter sido mulher do ex-capitão do Bope, morto na Bahia, em fevereiro do ano passado, numa união estável de cerca de dois anos, ela acumulou informações e pretende com isso um salvo-conduto para escapar da prisão.
Neste momento, ela está em regime de prisão domiciliar com uso de tornozeleira eletrônica, mas teme voltar para trás das grades por ter estado à frente dos negócios do miliciano. Acuada e com medo de ser morta, prática comum de grupos criminosos para eliminar desafetos, ela vem pleiteando uma delação premiada em troca de benefícios como o perdão da Justiça.
A viúva de Adriano responde pelos crimes de organização criminosa e lavagem de dinheiro, na 1ª Vara Criminal Especializada da Capital, em denúncia feita pelo Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Púb Writing Studio tes com Foro (Ciaf) da Polícia Civil, com a presença do promotor de justiça do caso, na própria sede do MPRJ. Tudo que a viúva de Adriano declara é gravado. Ela está sendo acompanhada pelo escritório do ex-senador cassado Demóstenes Torres. Para a delação ser aceita, é preciso que haja a homologação pela Justiça do Rio, o que ainda não aconteceu.
Casamento às pressas
Oito meses depois da morte de Adriano, Júlia se casou com Eduardo Vinicius Giraldes Silva, empresário que já patrocinou os quatro times de futebol do Rio, além de um lutador de MMA. Relatório de Inteligência da PF informa que Giraldes foi condenado a oito anos e três meses de prisão por associação criminosa, falsificação e uso de documento particular, furto mediante fraude e furto qualificado, em primeira instância. O empresário teria dívidas com Adriano.
Júlia e Giraldes se casaram num regime de comunhão total de bens, ou seja, tudo que foi adquirido antes e depois da união pertence aos dois, o que não é comum. O padrão em matrimônios é o regime da comunhão parcial de bens, em que o casal só divide o que constrói junto.
Investigações da Polícia Civil e do Gaeco apontam que Adriano era chefe da milícias de Rio das Pedras e da Muzema, na Zona Oeste, e ainda comandava um grupo de matadores de aluguel, que era contratado por contraventores e políticos. Adriano chegou a ser investigado pela morte da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, em 2018, mas a Delegacia de Homicídios da Capital descartou sua participação.
O ex-capitão do Bope também tinha seus tentáculos na contravenção. Ele seria sócio de Bernardo Bello, ex-marido de Tamara Harouche Garcia Lopes, filha do bicheiro Waldomiro Paes Garcia, o Maninho, morto em 2004.
Fonte: Extra