Blog do Adilson Ribeiro

Terça-feira – 12:08 – Alzheimer e sono: como dormir mal impacta o cérebro e eleva o risco de doenças neurodegenerativas. Veja Abaixo:

Para muitas pessoas, uma rotina de sono adequada pode estar associada apenas a sentir-se melhor durante o dia, evitando a sonolência e a fadiga. Porém, há mecanismos importantes que acontecem ao adormecer que, quando interrompidos pela má qualidade do sono ou pela curta duração, provocam impactos diretos no cérebro, mesmo após uma única noite. A longo prazo, cada vez mais evidências têm destacado o maior risco para a doença de Alzheimer e outras formas de demência.

— O sono tem funções amplas para a nossa saúde, envolvido em vários processos hormonais, no fortalecimento de imunidade, na limpeza de substâncias tóxicas no cérebro. A privação crônica do sono é um fator de risco conhecido para doenças cardiovasculares, por exemplo. Porém, estudos mais recentes têm apontado a relação com o crescimento das doenças neurodegenerativas e as demências, de vários tipos, especialmente o Alzheimer — explica a neurologista e presidente da regional Centro-Oeste da Associação Brasileira do Sono (ABS), Giuliana Mendes.

Um dos estudos mais comentados para avaliar o impacto da privação de sono e a doença de Alzheimer foi conduzido por pesquisadores do Laboratório de Neuroimagem dos Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos (NIH), publicado no periódico PNAS. Nele, foram recrutados 20 participantes saudáveis que Writing Studio ções acompanhadas durante anos, e os relacionam com os relatos dos participantes sobre a duração do sono. Uma das limitações é que isso depende da informação fornecida pela pessoa, que nem sempre é verdadeira.

Por enquanto, as evidências disponíveis levaram pesquisadores, em estudo publicado na revista Nature, a definirem como sete horas de sono o número ideal para proteger o cérebro. Porém, Giuliana, da ABS, pontua que as pessoas devem focar não somente na duração, mas também se o sono está tendo o caráter reparador. Isso porque, embora exista uma média, cada um tem uma necessidade diferente de tempo para se sentir recuperado durante a noite.

— O sono não reparador é o que a pessoa não se sente descansada. Quando mesmo tendo dormido uma quantidade de horas considerada ideal, ela não fica bem durante o dia, com perda de concentração, de memória, dificuldade em executar as tarefas, com alterações de humor — explica a neurologista da ABS.

Quando o remédio piora a doença

Embora essa relação de problemas para dormir e maior risco de doenças neurodegenerativas possa levar à ideia de que tratamentos potentes para adormecer, como medicamentosos, seriam benéficos, a realidade é o contrário. Elisa explica que o uso prolongado de benzodiazepínicos, drogas descobertas nos anos 60 para induzir o sono, ainda muito utilizadas hoje, foram ligados a um maior déficit cognitivo a longo prazo.

Já os medicamentos mais recentes, chamados de drogas Z, como é o caso do Zolpidem, ainda não apresentam evidências de impactos significativos na cognição. No entanto, Elisa diz que é possível que esse efeito seja eventualmente observado quando houver tempo suficiente de uso para avaliar essa relação.

— No início as drogas Z foram consideradas mais seguras, mas hoje sabemos que também atrapalham a arquitetura do sono, com os episódios de confusão mental, as alucinações. Os estudos com os benzodiazepínicos acompanharam pessoas por 10 anos, um longo período, e não temos ainda estudos tão longos com as drogas Z. Mas, pelo mecanismo de ação, imaginamos que elas tenham sim também um efeito cognitivo a longo prazo — avalia Elisa, da ABN.

O receio é especialmente porque, embora a bula do Zolpidem destaque que o remédio não deva ser tomado por mais de quatro semanas seguidas, tratando-se de uma terapia pontual, muitas pessoas passam anos ininterruptos adormecendo apenas com a ajuda do remédio.

As especialistas ressaltam que, em caso de problemas para dormir, a primeira estratégia deve ser sempre adotar as técnicas de higiene de sono, como evitar telas ao menos uma hora antes de se deitar, evitar bebidas cafeinadas, especialmente no fim do dia, e praticar atividade física regular.

Fonte: Extra

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