Câmeras de segurança flagraram um suspeito implorando para não ser morto durante uma operação da Polícia Militar (PM) na zona leste de São Paulo, em julho de 2024. João Victor De Jesus Da Silva, 22 anos, não era o alvo do mandado de prisão, mas acabou sendo morto pelos policiais com três tiros de fuzil dentro de casa.
O caso de João Victor (foto em destaque) é uma das 246 mortes por intervenção policial registradas na capital paulista em 2024, ano mais letal da gestão do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e do secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite (PP). Reportagem publicada nesta terça-feira (10/6) mostra a PM matou 85 pessoas sem arma de fogo e 47 com tiros pelas costas.
João Victor foi abordado em uma operação realizada no dia 31 de julho do ano passado para cumprir um mandado de homicídio. Um equipamento de segurança registrou o momento em que sete PMs encapuzados chegaram caminhando em posição de combate na Rua Martins Soares Moreno, às 17h48 daquele dia.
O vídeo mostra o grupo indo para um puxadinho de tijolos vermelhos onde morava João Victor, que não tinha relação com o mandado de prisão. Mesmo assim, enquanto dois policiais aguardavam na escada de acesso, tentando impedir a aproximação de pessoas, os outros cinco entraram no imóvel.
Áudio da câmera
O que aconteceu na parte de dentro da casa não foi registrado em vídeo. Mas o microfone da câmera conseguiu captar, entre 17h49 e 17h56, conversas entre os policiais e João Victor, que implorou por mais de sete minutos para não ser morto.
“O que eu fiz, senhor? Eu não tenho arma”, disse ele. O rapaz mencionou seus filhos, de 7 e 6 anos. Um policial respondeu: “Foda-se as crianças”.
Na sequência, após um longo diálogo, é possível ouvir um PM gritando “larga a arma”. Para a família, foi uma tentativa de simular um confronto. A versão oficial é que a vítima teria resistido à abordagem e atirado contra os policiais.
Fonte: Sudeste Agora