Mais de um terço das apreensões de drogas no Estado do Rio em 2017 foi com usuários. Do total de ocorrências, 35% delas são classificadas como porte para consumo, segundo dados inéditos levantados pelo Instituto Sou da Paz. Outros 56% dos casos estão enquadrados como tráfico, e 9% não têm autor. Somados, são 21.312 registros no ano passado. O número é 25% inferior ao de 2015, quando houve 28.089 apreensões, o maior pico de uma série histórica com início em 2006.
Coordenador de projetos do Instituto Sou da Paz, Leonardo Carvalho chama a atenção para o elevado percentual de casos envolvendo usuários. Na avaliação dele, é preocupante ter as estruturas de segurança pública do estado, que estão, segundo ele, “aquém do ideal”, ocupando-se com essas ocorrências.
— São pelo menos dois policiais e uma viatura parados na delegacia para uma ocorrência que não tem qualquer desdobramento. Não tem prisão, não tem impacto na dinâmica do tráfico, mas consome recursos orçamentários e força de trabalho das polícias — afirma Carvalho.
Em números absolutos, 2017 fechou com 7.467 apreensões de drogas envolvendo porte para uso — uma média de 20 por dia. Os casos de tráfico somaram 11.971 apreensões, e os de flagrante sem autor, 1.874.
Dados do Instituto de Segurança Pública, vinculado à Secretaria de Segurança do Rio, mostram um histórico de quantidades baixas de drogas por apreensão. Uma análise do órgão aponta que, em 2015, o percentual de ocorrências consideradas como porte para consumo, que foi de 42% do total, poderia ser ainda maior caso o Brasil adotasse critérios objetivos em relação à quantidade da droga, como acontece em outros países.
Essa taxa subiria para até 80% se o Brasil tivesse legislação semelhante às de Portugal e Espanha, onde o porte de 25 gramas e de cem gramas de maconha, respectivamente, indica uso, assinala o Instituto de Segurança Pública no estudo. As grandes operações, responsáveis por cerca de 80% da quantidade de droga apreendida em 2015, representaram apenas 5% das ocorrências, completa o órgão.
Para Carvalho, é curioso notar que as apreensões de pouca Writing Studio ra/noticia/materia_4__container__”>