Blog do Adilson Ribeiro

Sexta-feira – 17:46 – Polícia usa bombas de efeito moral durante ação de desocupação da Uerj. Veja Abaixo:

Rio – O campus Maracanã da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) foi palco de uma grande confusão entre policiais militares e estudantes, nesta sexta-feira (20), após a Justiça autorizar o uso de força policial, conforme necessário, para garantir a desocupação. Agentes do Batalhão de Choque e um oficial de justiça estiveram no local. Um agente ficou ferido e quatro pessoas foram presas, incluindo o deputado federal Glauber Braga (Psol). A PM garantiu que o prédio foi totalmente desocupado.

Segundo relatos de manifestantes, os policiais utilizaram bombas de efeito moral para tentar entrar na instituição. Em meio ao clima de tensão, alguns comércios na Boulevard 28 de Setembro decidiram fechar as portas por precaução.
Em vídeos que circulam nas redes sociais, é possível ver cenas de muita correria, fumaça e viaturas da PM no local.Em protesto à ação, estudantes chegaram a incendiar pneus na Avenida Rei Pelé, impendido a circulação na via.
De acordo com o coronel André Matias, comandante do Centro de Operações Especiais (COE), um policial que participou da desocupação ficou ferido ao manejar um artefato explosivo da própria corporação. Matias ainda explicou que o deputado federal Glauber Braga foi detido por atrapalhar o cumprimento do mandado judicial e que a Uerj já está totalmente desocupada.
“O policial teve um problema no manuseio de um artefato explosivo e resultou no ferimento. Era um artefato da própria polícia. O deputado federal obstruiu o cumprimento do mandado judicial. Inclusive se colocando entre a polícia e uma aluna que foi presa. A Uerj está oficialmente desocupada. Não tem mais alunos. Está entregue ao procurador da universidade. Os que participavam da ocupação saíram da universidade por conta própria. Fugiram da ocupação enquanto a Polícia Militar entrava. Eles saíram do local justamente no momento em que a gente cumpria o mandado”, disse o coronel.

Além do deputado que apoiava o ato de ocupação quando os PMs entraram na universidade, três estudantes foram presos. O grupo foi encaminhado à 18ª DP (Praça da Bandeira). O policiamento foi reforçado na Uerj.

Em nota, o Psol disse que desde o início da ocupação na Uerj, o partido esteve em contato com a reitoria para buscar a retomada dos benefícios estudantis, essenciais para os alunos mais vulneráveis. O partido afirmou que condena o uso de força desproporcional, como bombas e caveirões, contra os estudantes, e criticou “o autoritarismo do governo Cláudio Castro”.

“Nosso bravo companheiro, deputado federal do Psol, Glauber Braga, estava no local para a proteção e a defesa dos estudantes contra a iminente violência deflagrada. Ao cumprir seu papel enquanto representante do povo fluminense, foi detido e encaminhado a uma delegacia junto com estudantes. Estamos nos deslocando para a mesma, em busca de libertá-los dessa injusta detenção e em breve teremos mais informações”, finalizou a nota.

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O candidato à prefeitura e deputado federal Tarcísio Motta (Psol) se manifestou a caminho da Cidade da Polícia e pediu a liberação dos detidos.

“Nosso companheiro Glauber Braga foi detido irregularmente, ilegalmente, nessa desocupação desastrosa da questão da Uerj. Estamos cobrando do governo a libertação dos estudantes e do deputado Glauber Braga, e cobrando da Justiça e da Reitoria que parem esse processo de desocupação imediatamente. Não é possível que a gente tenha esse nível de arbitrariedade com a polícia na universidade pública nesse momento”, afirmou.

Estudantes e professor criticam violência
Ao DIA, Maria Eduarda Honório, de 22 anos, aluna do curso de História e uma das representantes do Centro Acadêmico de História, reclamou sobre a violência sofrida pelos estudantes que querem a manutenção dos auxílios. Segundo a jovem, a reitoria surpreendeu a classe estudantil durante as férias com o Ato Executivo de Decisão Administrativa (Aeda 038/2024), que muda as regras de concessão à bolsa de vulnerabilidade social.
“Não houve plano de transição para que isso acontecesse. Não há, o que os alunos cobram, um estudo desses impactos. Eles dizem que isso é o melhor, mas não é. A partir do momento que você reduz esses auxílios, você diz que é possível permanecer dessa maneira. A gente, dentro da nossa realidade, entende que não. A gente tem mães com crianças que dependem dos auxílios para continuarem estudando, que estão abdicando do estudo para poder trabalhar fora ou então não tem mais o que comer. A gente tem aluno que estava ocupando dentro do campus que estava sem dinheiro de passagem para voltar para casa. Tentamos conversar com a reitoria, mas a gente hoje foi recebido assim”, comentou.
A jovem ainda destacou que policiais atiraram uma bomba em seu rosto. “Eu estava no portão 5 tentando ajudar os alunos a tirar os pertences pessoais e quando vim aqui pro 7 fui recebida com uma bomba em direção ao meu rosto. Eu fiquei sem enxergar por alguns minutos, quente e sem conseguir falar. A gente vê que tem uma criminalização estudantil que é inconstitucional. Eu sou uma aluna da universidade que tem o direito de ir e vir aqui dentro, tenho o direito de me manifestar”, completou.
Para o membro do Diretório Central dos Estudantes (DCE) e também estudante do curso de História, Marcus Calizzani, de 20 anos, a reitoria não quis entrar em diálogo com o movimento estudantil para resolver as questões sobre os auxílios. A mudança nas bolsas foi o estopim para a ocupação da reitoria por parte dos alunos, desde o dia 26 de julho.
“A gente está aí desde julho com uma grande mobilização estudantil, diversos atos, assembleias e plenários. Você vê que a reitoria constantemente mente a partir de todo que foi esse processo dizendo que a gente não quis o diálogo, sendo que diversas vezes a gente esteve aberto querendo convocar reuniões e mesas de negociação. A reitoria que se colocou como intransigente nesse processo”, afirmou Marcus.
Segundo o universitário, só a negociação vai resolver o problema dos alunos que dependem do auxílio para se manterem na faculdade. “O que falta para resolver a situação é a reitoria sentar para conversar com a gente. Tivemos uma reunião no Tribunal de Justiça e a reitoria não quis dialogar, não quis retroceder a todo momento. Ela não quer negociar e é por isso que ela coloca o choque pra bater na gente”, destacou.
Outros alunos ouvidos pela reportagem, mas que não quiseram se identificar, falaram que as novas regras vão reduzir a ajuda de muitos em mais de R$ 400, o que impactaria na manutenção desses alunos.
Segundo esses estudantes, os valores recebidos eram de R$ 606 referente a bolsa, R$ 300 de alimentação, além de R$ 300 de transporte. Além disso, a universidade também pagava um valor semestralmente para auxiliar a compra de materiais. “Reduziram para R$ 500 o valor da bolsa e só vão pagar o vale transporte. Como que quem depende de pagar um quarto compartilhado por R$ 700 e ainda precisa comer, como eu vai se manter. Isso porque sabemos que tem muitos alunos em condições piores”, contou um estudante.
O professor Frederico Irias, 44, membro da Associação de Docentes da Universidade do Estado do Rio Janeiro (Asduerj), criticou a violência sofrida pelos estudantes no ato de desocupação. O docente entende que a forma que a reitoria tomou a decisão sobre os auxílios não foi correta.
“É uma situação muito ruim. A gente não queria que chegasse a esse ponto, condenamos todo e qualquer tipo de violência. A gente entende que a crise poderia ser resolvida aqui dentro. Com mais diálogo, a gente não precisaria chegar ao ponto que chegou. As bolsas e auxílios, que estão sendo cortadas agora, elas também foram criadas por decretos da reitoria passada sem uma perspectiva de orçamento em relação a isso. Então a gente já tinha a ideia de que isso iria acontecer. O problema foi como aconteceu, que foi um decreto de cima pra baixo, sem conversar com segmentos internos da universidade e durante as férias dos estudantes”, afirmou.
Assim como os alunos ouvidos pela reportagem, o professor também fala em falta de diálogo por parte da atual reitoria: “Acho que o fundamental que não teve era um diálogo maior com os estudantes, antes da ocupação da própria reitoria. Eu acho que a falha da administração central foi não colocar isso pra comunidade acadêmica de maneira clara, mostrando que não teria dinheiro pra pagar os auxílios dos professores e dos técnicos e nem as bolsas dos estudantes”, disse o professor.
Entenda a situação
A desocupação dos alunos das dependências da universidade foi determinada, na terça-feira (17), após uma audiência de conciliação entre os alunos e representantes da Uerj terminar sem um acordo. As partes buscavam uma resolução para a questão da mudança nos critérios das bolsas de estudo, mas, segundo a instituição de ensino superior pública, um grupo de alunos “mais radicalizados” teria interrompido as conversas com o uso de instrumentos de percussão.
Na terça-feira (17), a juíza Luciana Losada, da 13ª Vara de Fazenda, concedeu liminar solicitada pela própria universidade pedindo a saída dos alunos. Em sua determinação, ela argumentou que há provas de que a ocupação é indevida e de que prejudica o ensino na instituição. O descumprimento da liminar imposta pela Justiça acarretará em uma multa diária aos estudantes intimados.
Os alunos que ocupam a universidade são contra às mudanças para a obtenção de bolsas e auxílios da assistência estudantil, prevista no Ato Executivo de Decisão Administrativa (Aeda 038/2024). Entre as principais mudanças estão a substituição do auxílio alimentação por refeição gratuita no bandejão para os cotistas. Além disso, foi reduzido pela metade o auxílio ao material didático, que era pago duas vezes ao ano, a cada semestre, no valor de R$ 1,2 mil.
De acordo com relatos de estudantes, cerca de 5 mil alunos vão perder os benefícios após a mudança. Eles denunciam, também, atrasos nos pagamentos. Segundo os manifestantes, as propostas da atual reitoria, antes de ser eleita, era de manter os benefícios. A Uerj afirma que 2,8 mil estudantes estão enquadrados para receber o benefício.
Fonte: O Dia

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