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Na década de 1930 o mundo enfrentava uma das piores crises do capitalismo, iniciada com a quebra da Bolsa de Nova Iorque em outubro de 1929 Writing Studio nfrentava uma das piores crises do capitalismo, iniciada com a quebra da Bolsa de Nova Iorque em outubro de 1929. Os Estados Unidos agonizam. Mudanças, golpes e revoluções impulsionadas pela crise econômica reconfiguram o cenário geopolítico do mundo. No Brasil não foi diferente – em 1930 eclode o movimento armado, liderado pelos estados de Minas Gerais, Paraíba e Rio Grande do Sul, resultando na Revolução de 1930, que depôs o presidente da república Washington Luís, impediu a posse do presidente eleito Júlio Prestes, pôs fim à República Velha e conduziu Getúlio Vargas à presidência.
As convulsões políticas deste período levaram à profundas transformações sociais e do pensamento humano e político. Os anos 30 representaram a ascensão do pensamento fascista, tendo em seu ápice a tomada do poder por Benito Mussolini na Itália, Adolf Hitler na Alemanha e Francisco Franco na Espanha. Junto com o pensamento fascista, o pensamento eugenista White Supremacy ganhou força no mundo todo.
Na cidade de Itaperuna, a jovem Carmozina dos Reis do Carmo foi proibida de frequentar o ITC (Itaperuna Tênis Clube) por ser negra. Décadas mais tarde, foi convidada pela primeira vez a entrar nas instalações do à época elitizado ITC, pois havia conquistado quatro medalhas de ouro no Campeonato Estadual de Atletismo, disputado em Niterói, na década de 50.
Carmozina foi uma grande entusiasta e propagadora dos esportes para os jovens do interior do estado, além de ter sido atleta do Vasco da Gama e de ter ido para as Olimpíadas junto com a delegação nacional.
Foi professora durante toda a sua vida, lecionando como educadora física nas redes municipal e estadual. Se tornou exemplo para as gerações que passaram e ainda o é para as que estão por vir, pois além de grande atleta, superou os estigmas e preconceitos que, apesar do tempo, ainda são latentes.
A história da Carmozina tem paralelo com a do atleta estadunidense Jesse Owens, que conquistou 4 medalhas de ouro nos jogos Olímpicos de 1936 em Berlim, na Alemanha. As Olimpíadas de 1936 representavam o triunfo da Alemanha Nazista perante o mundo. Era o ápice do sucesso de Adolf Hitler e do pensamento eugenista nazifascista.
Porém, anos mais tarde, Owens declarou que o que mais o magoou não foram as atitudes de Hitler consigo, mas o fato de o presidente norte-americano Franklin Delano Roosevelt não ter lhe parabenizado por suas conquistas nos jogos. Owens teria dito: “não foi Hitler que me ignorou, quem o fez foi Franklin Delano Roosevelt. O presidente nem sequer me mandou um telegrama.”
A maior conquista de Owens e de Carmozina não foi apenas se contrapor ao pensamento da época, mas sim abalar toda a concepção do racismo, fortificada no século XX, mas infelizmente presente e fortalecido no século XXI.
Fonte: O Contraponto