Blog do Adilson Ribeiro

Sábado – 0828 – Escolha da equipe de transição provoca turbulências da direita à esquerda na ‘frente ampla’ de Lula. Veja Abaixo:

A escalação dos integrantes da equipe de transição do governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva tem provocado insatisfação e gerado turbulências na “frente ampla” que o petista buscou reunir desde o segundo turno — e as turbulências já aparecem da direita à esquerda.

Alas do PT, por exemplo, se queixam de que a maior parte dos nomes convocados até agora é da CNB, o grupo majoritário que comanda a legenda e do qual faz parte a presidente do partido, Gleisi Hoffmann. Já no PSOL, há setores querendo impedir a sigla de integrar oficialmente o novo governo a partir de 2023.

Atravessando para o lado oposto do espectro político, há incômodo no mercado com declarações de Lula vistas como contrárias à estabilidade fiscal — o economista Pérsio Arida, da equipe de transição, é o preferido do grupo para o comando da economia. No centro, por sua vez, a ex-presidenciável Simone Tebet deu um leve recado ao defender que a escolha para chefiar a Fazenda ocorra o quanto antes.

O processo de escolha dos nomes já havia provocado tensão na segunda-feira em reunião da executiva do PT. Na ocasião, integrantes da CNB se queixaram de falta de informação sobre a transição. A situação, relatam, foi contornada com as publicações de portarias sobre os grupos de trabalho temáticos.

A insatisfação agora vem de algumas correntes minoritárias. Entre os 27 petistas indicados para a transição, pelo menos dez são ligados à CNB. No entanto, a maioria dos integrantes do partido escalados tem perfil mais técnico e não é vinculado à disputa de correntes, como os economistas Guilherme Mello e Nelson Barbosa. A CNB controla 45% dos postos de comando do PT.

O deputado federal Rogério Corrêa (PT-MG), da Resistência Socialista, afirma que h Writing Studio satisfeito com a composição do gabinete de transição, que considera mais à direita. Porém o que mais pesa é a expectativa de que o governo Lula dependa de siglas como MDB, PSD e União Brasil para governar e garantir maioria no Congresso para aprovação de seus projetos.

O presidente da sigla, Juliano Medeiros, e o deputado federal eleito Guilherme Boulos (SP), próximos a Lula, foram anunciados na equipe de transição — o que incomoda a ala mais à esquerda do partido, ainda que a decisão tenha sido deliberada e vencido uma votação na direção nacional por dez votos a nove.

O deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) diz que as prioridades do partido são os enfrentamentos ao bolsonarismo e ao fisiologismo do Centrão. Para ele, esses objetivos não poderiam ser alcançados com a legenda integrando um governo que deve depender de acordos com esses grupos à direita.

— Quando você está debaixo do guarda-chuva do governo, você perde a independência para fazer esse enfrentamento. Para o PSOL manter suas pautas ativas, vai ter muito mais capacidade de fazer isso enfrentando a extrema-direita fora do governo do que ocupando cargos lá dentro — diz Braga.

Sinais trocados

Os movimentos de aproximação à direita identificados pelo PSOL, por sua vez, ainda não foram suficientes para tranquilizar setores econômicos que desejam uma gestão mais atenta ao controle dos gastos públicos. Na quinta-feira, a Bolsa de Valores caiu, e o dólar subiu após um discurso em que Lula renovou críticas ao teto de gastos e ironizou o excesso de zelo com a estabilidade fiscal — gestos lidos pelo mercado como uma guinada à esquerda.

Fonte: Extra

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