Rio – Após as denúncias dos irmãos Batista, donos da empresa frigorífica JBS, contra Michel Temer, está cada vez mais distante a possibilidade do presidente terminar seu mandato no fim do ano que vem. Apesar de recusar a renúncia, Temer assiste de perto seus aliados e opositores dialogarem, especulando quais seriam os melhores nomes para a sua substituição.
O agravamento da crise política fez o PSDB e o DEM intensificarem as articulações de bastidores na tentativa de barrar a possibilidade de eleição direta. Em conversas reservadas, dirigentes das duas siglas avaliam que, caso a coalizão de apoio a Temer não apresente uma alternativa de poder, o movimento por “diretas já” pode ganhar força, com “risco” de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltar ao Palácio do Planalto.
Nesta terça-feira, a base aliada conseguiu adiar a votação na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara do relatório favorável à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) das eleições diretas para o caso de vacância da Presidência. O projeto, mais tarde, foi retirado da pauta.
Desde a divulgação das delações da JBS, tucanos e outros aliados têm feito reuniões quase que diárias para discutir cenários de pós-Temer. Um deles, defendido por dirigentes do PSDB, do DEM e de uma parte do próprio PMDB, seria a renúncia do presidente com escolha de um sucessor Writing Studio , disse o deputado Ricardo Tripoli (SP), líder do partido na Câmara.
O deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força, presidente do Solidariedade, disse que a manutenção de Temer no governo depende agora do Congresso. “Se as reformas andarem, Temer fica. Se não, o próprio mercado, que o sustenta hoje, pedirá para ele sair”, afirmou o parlamentar.
OAB levará pedido de impeachment à Câmara nesta quinta
Com o apoio de Psol, PDT, PCdoB, PT e Rede, a Ordem dos Advogados do Brasil marcou para a próxima quinta-feira a entrega à Câmara da denúncia com o pedido formal de impeachment do presidente Michel Temer. O documento será protocolado pelo presidente da OAB, Claudio Lamachia, e pelos conselheiros da entidade máxima da Advocacia. Caberá ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM/RJ) dar sequência ou não ao pedido.
A OAB alega que Temer cometeu crime de responsabilidade, em violação ao artigo 85 da Constituição, ao receber no Palácio do Jaburu, na noite de 7 de março – sem previsão na agenda oficial – o empresário Joesley Batista, acionista da JBS.
A conversa com Temer foi gravada por Joesley, que firmou acordo de delação premiada com a Procuradoria-Geral da República. O diálogo mostra Joesley fazendo uma narrativa de crimes, como o pagamento de mensalinho de R$ 50 mil para um procurador da República e mesada milionária para Eduardo Cunha (PMDB/RJ), em troca do silêncio do ex-presidente da Câmara. Cunha está preso.
Temer não nega ter recebido Joesley, a quem agora chama de “fanfarrão delinquente”. O presidente alega que o áudio que o empresário entregou à Procuradoria foi “adulterado, manipulado”
O argumento central da Ordem não leva em conta se houve ou não edição da escuta. Segundo Lamachia, importa é que o presidente “ouviu crimes do fanfarrão delinquente e não tomou medidas cabíveis junto às autoridades competentes”.
Fonte: Campos 24Horas Writing Studio
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