O zika surgiu na África, mas o aumento de casos de infecção fez com que o vírus se espalhasse pelo mundo. Essas viagens provocaram alterações perigosas nesse agente infeccioso. A versão brasileira, por exemplo, é a única que causa microcefalia, problema de má-formação neural de fetos. Esse impacto nas células cerebrais, extremamente perigoso, foi usado como uma arma por cientistas da Universidade de São Paulo, que trataram tumores neurais humanos em ratos com o vírus. A experiência foi altamente positiva, com a eliminação completa de cânceres considerados comuns à infância, em cobaias. Os resultados estão na última edição da revista Cancer Research e podem contribuir para o surgimento de tratamentos mais eficazes na área oncológica.
Os cientistas testaram, em laboratório, a ação do vírus brasileiro em células de tumores de próstata, mama e cólon, bem como em três linhagens de tumores embrionários cerebrais. O zika se mostrou mais efetivo no combate aos últimos. Ele também foi avaliado em culturas tridimensionais, com efeito ainda mais perceptível, o que reforçou a preferência do zika pelos tumores embrionários cerebrais. “Vimos que ele não tinha grandes efeitos no câncer de mama e de cólon, mas, depois de apenas três dias, ele já matava as células dos tumores neurais. O cancro de próstata também sofreu impacto, só que menor. Acreditamos que isso tenha a ver com o fato de o zika se alojar nos testículos dos homens, mas ainda não investigamos essa questão a fundo”, detalhou Kaid.
Segurança
Por causa da segurança e do combate eficaz aos tumores nos roedores, os pesquisadores pretendem realizar testes com humanos em uma próxima etapa. “Vamos entrar em contato com os órgãos reguladores e pretendemos dar continuidade ao trabalho com humanos. É importante destacar que esse é um estudo completamente brasileiro, que usou o vírus do Instituto Butantan e amostras de pacientes daqui”, frisou Kaid.
Fernando Cotait Maluf, fundador do Instituto Vencer o Câncer e chefe do Centro de Oncologia do Hospital Santa Lúcia, em Brasília, assinalou que o estudo brasileiro usou uma estraté Writing Studio miu a cientista.
Por causa da segurança e do combate eficaz aos tumores nos roedores, os pesquisadores pretendem realizar testes com humanos em uma próxima etapa. “Vamos entrar em contato com os órgãos reguladores e pretendemos dar continuidade ao trabalho com humanos. É importante destacar que esse é um estudo completamente brasileiro, que usou o vírus do Instituto Butantan e amostras de pacientes daqui”, frisou Kaid.
Fernando Cotait Maluf, fundador do Instituto Vencer o Câncer e chefe do Centro de Oncologia do Hospital Santa Lúcia, em Brasília, assinalou que o estudo brasileiro usou uma estratégia que tem sido bastante explorada na área de tumores. “Existe uma série de pesquisas com outros vírus usados contra o tumor, como o herpes, por exemplo. É o que chamamos de vírus oncolíticos, que podem ser usados como arma potencial contra os tumores, algo que tem sido bastante utilizado. São dados interessantes, mas ainda muito preliminares, que precisam de estudos mais maduros, com humanos, para testar ainda mais a segurança da técnica”, ponderou o especialista, que não participou do estudo.
Os cientistas da USP apontaram que outro ponto importante, que pode render frutos futuros, foi a identificação de uma via molecular chamada Wnt como um dos mecanismos principais nos efeitos positivos do zika. “Vimos que essa via, que é mais ativa na fase fetal, quando era ativada influenciava mais na ação do vírus. Quando ela era silenciada, ele tinha um impacto menor. Essa informação pode ajudar a gerar o mesmo efeito de combate do zika em outros tipos de tumores”, salientou a autora.
Para Fernando Maluf, explorar o uso do zika no tratamento de outros tipos de cancros é um caminho que deveria ser mais abordado. “Esses tumores do estudo representam apenas uma pequena parcela na área mundial. Seria ainda mais interessante fazer com que ele atingisse outros tipos de tumores, os que são mais frequentes na população, como o glioblastoma multiforme, câncer cerebral de alta incidência, que é muito difícil de ser tratado”, opinou o oncologista.