Blog do Adilson Ribeiro

Segunda-feira – 23:07 – Witzel recebe cartilha de jovens com orientações a PMs; projeto da Maré diz que governador prometeu discutir pontos levantados. Veja abaixo:

O governador Wilson Witzel recebeu no início da tarde desta segunda-feira adolescentes do Complexo da Maré que escreveram uma cartilha com orientações para os policiais militares, durante operações em comunidades. Cinco jovens entre 13 e 15 anos representando o Projeto Uerê entregaram dezessete pontos ao governador, entre pedidos de respeito a constituição e que as casas de moradores não sejam invadidas sem mandados judiciais e depredadas pelos agentes. A portas fechadas, o governador prometeu rever as operações durante horário escolar.

À noite, pelas redes sociais, Witzel publicou um vídeo do encontro e disse estar procurando “o caminho da paz”.

— Infelizmente, o Rio de Janeiro ainda sofre os efeitos do enfrentamento às ações criminosas. A partir de agora, vocês também fazem parte desta força de combate do nosso estado e faremos isso a partir do diálogo que estamos criando neste encontro. Vamos nos reunir com as polícias para que possamos encontrar juntos um caminho para a paz — disse o governador.

Ao longo de mais de uma hora de encontro, o governador ouviu as demandas dos adolescentes autores da cartilha e se posicionou favorável a alguns pontos, pontuando estar sempre disposto a “fazer justiça”:

— Se vocês estão aqui hoje é porque fazem parte também dessa força que estamos unindo do bem contra aqueles que nao querem se submeter as leis. Quero ressaltar que outras atividades estão em andamento, como a investigação de lavagem de dinheiro do tráfico de drogas e armas. E estamos aqui para fazer justiça. Para fazer com que tenhamos um futuro melhor. O canal de diálogo está aberto com vocês e outras dezenas de jovens, sendo ou não do projeto. Nosso objetivo é estar juntos — afirmou.

A criadora do Projeto Uerê, Yvonne Bezerra de Melo viu com bons olhos o encontro e ressaltou a importância do canal de diálogo aberto entre os jovens.

— Fomos item por item da cartilha e ele se comprometeu para algumas reivindicações melhorarem. Foi aberto um canal muito importante para escutar os jovens. O governador prometeu ouvir o protagonis Writing Studio s=”inline” src=”https://extra.globo.com/incoming/23985636-28c-591/w448/x84806137_ririo-de-janeiro-rj-26-09-2019criancas-do-projeto-urere-do-complexo-da-mare-escrevem.jpg.pagespeed.ic.s8-IO12COh.jpg” alt=”Crianças do Projeto Urerê do Complexo da Maré escrevem cartilhas para o governador Wilson Witzel” />

Crianças do Projeto Urerê do Complexo da Maré escrevem cartilhas para o governador Wilson Witzel Foto: Pedro Teixeira / Agência O Globo

O encontro teve a presença também do secretário da Polícia Militar, Rogério Figueredo. Witzel e Figueredo não falaram com a imprensa, mas na reunião fechada afirmaram que irão rever a possibilidade de não realizar incursões nas comunidades após o horário de início das aulas nas escolas. Figueredo ressaltou que a corregedoria da corporação, responsável por apurar possíveis desvios de conduta de policiais, está à disposição de todos os moradores que queiram realizar alguma denúncia.

— Toda e qualquer ação da Polícia Militar é pautada pela legalidade e segue protocolos. Não admitimos desvios de conduta por parte de nossos policiais. Prezamos pelo diálogo e temos um canal de denúncias, que é a corregedoria. Vou me reunir com os comandantes para discutir as propostas para que a nossa tropa tenha sempre um comportamento correto com vocês e seus familiares – afirmou o secretário aos adolescentes.

— Eles nos prometeram que terão uma reunião com os comandantes dos batalhões da PM para seguirem alguns itens das cartilhas. Vão avaliar os pontos levantados por esses jovens — complementou Yvonne.

A iniciativa dos estudantes veio em resposta à iniciativa de Witzel de criar cartilha com instruções a moradores de favelas sobre como agir durante operações policiais. Yvonne acha que a ideia do governador terá pouca adesão.

— Dificilmente funcionará, mas quando sair nós veremos. As crianças estão num processo de não aprendizado muito grande, muito devido a violência constante. Já são pelo menos duas gerações que tem traumas — lamentou a responsável pelo Uerê.

A sede da ONG tem no telhado uma placa amarela com o alerta ‘‘Escola. Não atire’’. O objetivo é evitar tiros de policiais em helicópteros. O projeto informa que já ajudou mais de 3 mil estudantes desde 1998 e hoje tem cerca de 300 nos turnos da manhã e da tarde.

Segundo o governo do estado, a cartilha citada por Witzel faz parte do Plano de Segurança e Defesa Social, elaborado pelas secretarias de Polícia Civil e Polícia Militar, Defesa Civil, Ministério Público e Judiciário, e será validada pelo Conselho de Segurança Pública do estado.

-Fonte: Extra.

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