Blog do Adilson Ribeiro

Rio – Sexta-feira -23:46 – PM relata momento em que bombeiros tentavam salvar colegas que morreram na Quatro por Quatro: ‘Vi a dor deles’. Veja abaixo:

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Os momentos de desespero de cerca de 15 bombeiros tentando reanimar os militares intoxicados pela fumaça no combate ao incêndio que atingiu a Whiskeria Quatro por Quatro, no Centro do Rio, comoveram dezenas de pessoas que estavam no local. O cabo Allan Martins da Costa, 35 anos, há dez anos na Polícia Militar, foi um deles. O militar conta que muita gente chorava e se abraçava. Outros tentavam abrir caminho para a chegada de ambulâncias.

— Foi uma cena triste. Eu sei como é duro perder um colega de farda. Eu chorei. Várias pessoas choraram. Mesmo eu sendo um militar da PM. Eu vi a dor dos colegas do Corpo de Bombeiros. Estamos todos na mesma luta diária — contou Martins.

O cabo é do patrulhamento motorizado do Programa Centro Presente. Ele conta que por volta das 11h30m recebeu um chamado para se deslocar para a rua Buenos Aires, onde estaria ocorrendo um incêndio. Quando chegou os bombeiros já estavam. Aparentemente tudo estava controlado.

— Cerca de 50 pessoas entre clientes e funcionários da terma foram retirados com tranquilidade e sem ferimentos pelos bombeiros. Ainda saía fumaça preta — contou.

Agente diz que se emocionou durante momentos de tensão após retirada de homens que inalaram fumaça no combate ao incêndio da Quatro por Quatro
Agente diz que se emocionou durante momentos de tensão após retirada de homens que inalaram fumaça no combate ao incêndio da Quatro por Quatro Foto: Antônio Werneck

Em determinado momento o fogo aumentou e a quantidade de fumaça também.

— Não sei o que aconteceu lá dentro. Falam em falta de oxigênio. O que vi foi a tentativa de reanimar os bombeiros. Eles saíram desacordados. Triste. Chorei, como estou chorando agora — disse o militar.

O cabo Martins conta que a primeira coisa é a solidariedade de todo mundo. Muita gente, segundo ele, ajudou. Comerciantes e funcionários de loja das ruas próximas.

— Eu lembrei do dia que encontrei um colega baleado na cabeça na Linha Amarela. Eu era lotado no 22º BPM (Maré). Ele foi baleado por criminosos na saída da Linha Amarela, próximo a Avenida Democráticos. Cheguei para socorrer e tentar reanima-lo. Tentei salva-lo, mas não consegui.

‘Nunca vi nada parecido’

Também próximo ao cerco armado pelos bombeiros, o clima era de tristeza e surpresa. Bombeiros e policiais militares se abraçavam, consternados com a tragédia, e, curiosos, perguntam incessantemente sobre mais mortos ou feridos. O advogado Vinicius Nascimento, que trabalha há três anos próximo ao local, estava almoçando quando sentiu o cheiro forte de fumaça e foi ver o que estava acontecendo.

— Achei estranho porque nunca vi nada parecido acontecendo aqui. Espero que ninguém mais tenha se machucado — disse Vinicius.

Engenheiro do Crea-RJ, Rodolfo Rodrigues, que trabalha no prédio ao lado do incêndio desde 2012, viu, pela janela, a fumaça sair do prédio. Ele conta que a evacuação do edifício foi rápida:

— Quando o incêndio ao lado começou a ficar mais intenso, já estávamos todos fora.

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