Blog do Adilson Ribeiro

Domingo 18:09- Quatro anos depois – Pesquisa mostra que desastre em Mariana MG criou um ambiente propício para o surgimento de novos seres vivos nocivos à saúde humana. Veja mais fotos e informações…

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Atingidos pela tragédia

Na última sexta-feira (15), o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e a Prefeitura Municipal de Baixo Guandu (ES) realizaram um evento para debater soluções aos impactos da lama. Cerca de 250 atingidos participaram da ação que contou com a participação do prefeito de Baixo Guandu, Neto Barros (PCdoB), do secretário estadual de saúde do Espírito Santo, Nésio Fernandes, da pesquisadora Dulce Pereira, além de representantes de secretarias municipais de saúde de municípios capixabas, e representantes do Ministério Público Federal.

A professora da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), ex-diplomata e pesquisadora, Dulce Pereira, fez um longo diagnóstico da situação de saúde das populações atingidas. Segundo ela, mesmo antes de consolidada a construção da barragem de Fundão, em Mariana, laudos técnicos do projeto apontavam sérios riscos, seja pela proximidade da barragem a comunidades ou mesmo o fato de a barragem de rejeitos ter sido construída ao lado de uma outra barragem de água, o que aumentava o risco de um desastre, como de fato ocorreu. “Não foi evento, foi um desastre que por diversas razões se tornou um crime”, atestou.

Segundo a Fundação Renova, até agosto deste ano, foram destinados R$ 6,68 bilhões para as ações integradas de recuperação e compensação socioambiental e socioeconômica da bacia do rio Doce, com cerca de R$ 1,84 bilhão sendo destinados para  indenizações e auxílios financeiros emergenciais. A Fundação também indenizou mais de 264 mil pessoas por danos decorrentes da suspensão temporária, por mais de 24 horas ininterruptas, no abastecimento de água.

Contaminação

A pesquisadora também compartilhou alguns resultados de análises feitas em laboratório com peixes retirados do Rio Doce contaminado, e que mostraram a presença de metais tóxicos em todo o organismo estudado. Além disso, segundo Pereira, o desastre acabou criando um ambiente propício para o surgimento de novos seres vivos nocivos à saúde humana. “Há vírus e bactérias que surgiram da contaminação com determinados metais tóxicos. Portanto, esse fenômeno causou mudanças químicas, físicas e biológicas em toda a bacia do Rio Doce. Além das nascentes contaminadas”.

Com relação a possível contaminação, a Renova afirma que o rio Doce é enquadrado na classe 2 pelo Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente), isto é,  a água pode ser consumida após tratamento convencional e ser destinada à irrigação. A análise da água é realizada antes de passar pelas Estações de Tratamento de Água (ETAs) e após o tratamento, na etapa que antecede a distribuição, processo que é de responsabilidade das concessionárias locais.

Monitoramento

Após o rompimento da Barragem, o Rio Doce se tornou o mais monitorado do Brasil. Com base em mais de 6 milhões de dados coletados, o Programa de Monitoramento QualiQuantitativo Sistemático (PMQQS) mostra que as condições da bacia são hoje as mesmas de antes do rompimento.

Segundo a Fundação Renova, os mesmos dados que permitem afirmar que a água do rio Doce está em condições semelhantes às de antes do rompimento asseguram que ela pode ser consumida após passar por tratamento nos sistemas de abastecimento dos municípios

Recuperação

Para combater os impactos causados pela tragédia, um Termo de Transação e de Ajustamento de Conduta (TTAC) foi assinado, entre várias entidades, entre órgãos da Federação, órgãos estaduais e municipais, e representantes do comitê de bacias, em março de 2016.

As ações foram divididas em duas frentes principais. A primeira foi voltada para reverter ou diminuir os impactos causados pelo rompimento, como o manejo do rejeito, reconstrução de vilas e pagamento de indenizações. A segunda, mais voltada para os danos ambientais, visou a restauração florestal, recuperação de nascentes e saneamento para os municípios ao longo do Rio Doce.

Fonte: Folha Vitória

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