Blog do Adilson Ribeiro

Sábado – 21:37 – Rafael Diniz: “Conheço a Prefeitura na dificuldade como ninguém”. Veja Abaixo:

“Na verdade, esse novo tempo (da crise financeira de Campos) começou no final de 2014 (quando o preço do barril de petróleo foi a US$ 115 em junho e despencou no final daquele ano para US$ 47), mas o grupo de Garotinho fugiu dos problemas. Aquela era a hora de tomar decisões duras, mas faltou coragem (…) eles começaram a contrair empréstimos como se não houvesse amanhã. O primeiro em 2014, o segundo em 2015 e, o terceiro, em 2016. Em vez de resolver os problemas, eles simplesmente criaram novas dívidas. E toda essa irresponsabilidade caiu no colo da nossa gestão”. Foi o que falou o prefeito Rafael Diniz (Cidadania) nesta terceira da série de entrevistas da Folha da Manhã com os 11 candidatos a governar Campos, nas eleições de novembro. Tônica dos seus quatro anos de governo, a crítica aos governos passados se acirram nestes 36 dias que separam o eleitor campista das urnas: “Não podemos mais ficar sonhando com novos poços de petróleo, nem esperando dinheiro cair do céu para fazer a farra que a mamãe de um fazia ou a farra que o papai do outro fazia”, disse sem nominar Wladimir Garotinho (PSD) e Caio Vianna (PDT), seus concorrentes no pleito.
Além dos erros que acusa nos governos passados, Rafael também reconheceu seus próprios: “concordo quando escuto que poderíamos ter ampliado esse diálogo e dividido mais com os segmentos os graves problemas que encontramos na máquina municipal”. E, mesmo pregando que “a cidade pedia uma oxigenação dos quadros”, admitiu por via transversa a alegada pouca experiência da equipe que escolheu para governar: “não é do dia para a noite que se forma um quadro, requer tempo e, sobretudo, a oportunidade de estar à frente de um novo desafio, o que gera erros e acertos”. Ele tergiversou sobre a acusação de estelionato eleitoral em 2016, quando foi eleito prometendo manter programas sociais suspensos em seu governo, como a Passagem Social e o Cheque Cidadão, lições que o agravamento da crise financeira parece ter vacinado os candidatos a prefeito em 2020. Entre eles o atual, que lembrou de realizações como o Cemei, o Paraesporte e o enfrentamento à pandemia da Covid-19. E pregou diante do julgamento da partilha dos royalties no Supremo Tribunal Federal (STF), marcado para 3 de dezembro: “hoje eu tenho experiência para dizer que ninguém conhece mais essa máquina na dificuldade do que eu (…) em relação ao julgamento da partilha dos royalties (…) se acontecer, devemos estar prontos para decisões duras e redimensionamento da máquina pública”.
Folha da Manhã – Seu governo projetou o orçamento de Campos para 2021 em R$ 1,7 bilhão. Em série de painéis sobre a crise financeira do município, o economista Alcimar Chagas, professor da Uenf, calculou em R$ 1,5 bilhão. Que foi considerado “otimista” pelo economista Roberto Rosendo, diretor da UFF-Campos. O fato é que R$ 1,1 bilhão já está comprometido só com folha de pagamento de servidor e a despesa total está orçada em R$ 2 bilhões. Como fechar a conta?
Rafael Diniz – Governar Campos requer coragem e responsabilidade para administrar crises, enfrentar críticas e trabalhar de forma incansável para fechar essa conta. Estaria mentindo se dissesse que em 2021 vamos ter vida fácil. O caminho ainda é o da austeridade, com decisões difíceis. Por isso, o eleitor precisa refletir. É hora de voltar ao passado e resgatar famílias que não souberam governar Campos nos tempos de fartura e jogaram dinheiro e oportunidades no lixo? É hora de apostar em quem tem DNA da corrupção e do desperdício? Nossa gestão aumentou nossa receita própria em mais de R$ 100 milhões, captou quatro vezes mais recursos do que a gestão anterior com emendas e fechou a torneira do desperdício. O caminho para fechar essa conta é ampliar esse trabalho. Quem disser que tem fórmulas mágicas está mentindo. Uma coisa é certa: quem não soube fazer nos tempos de fartura não vai saber neste momento de dificuldade.
Folha – Reitor da Uenf, o professor Raul Palacio tem batido sempre na tecla da necessidade de um pacto entre o vencedor da eleição a prefeito com todos os segmentos da sociedade. No que foi endossado por vários outros atores entrevistados na série de painéis da Folha. Em que termos esse pacto teria que ser firmado? Ele foi tentado em seu governo? Com que resultados? Como equilibrar os interesses muitas vezes conflitantes dos segmentos envolvidos?
Rafael – Lembro como se fosse hoje dos primeiros dias da nossa gestão. Dialoguei com todos os segmentos. Muitas pessoas, inclusive, revelaram estar entrando pela primeira vez no gabinete do prefeito, já que alguns segmentos foram ignorados por décadas em Campos. Foi o nosso diálogo com as universidades, por exemplo, que permitiu parcerias importantes com Uenf, IFF e Porto do Açu durante a pandemia, com a viabilização de laboratório, EPIs e recuperação de respiradores e monitores. Mas concordo quando escuto que poderíamos ter ampliado esse diálogo e dividido mais com os segmentos os graves problemas que encontramos na máquina municipal. Mas só sentando na cadeira que temos a dimensão sobre a dificuldade de equilibrar interesses e fazer esse pacto funcionar. Em um mesmo dia a gente dialoga com uma categoria, depois com outra categoria e os interesses delas são completamente opostos. Quer um exemplo? Os ambulantes e os comerciantes do Centro. Os comerciantes pedem uma atuação forte da Prefeitura e os ambulantes protestam e pedem para o governo não reprimir. Este é apenas um dos muitos exemplos. Por isso que estou sempre dizendo: ser prefeito requer coragem para tomar decisões que muitas vezes desagradam.
Folha – Corrigido pelo INPC, de 1999 a 2019, Campos recebeu R$ 25,51 bilhões de royalties e Participações Especiais (PEs). Até 2016, foram R$ 23,67 bilhões, média de quase R$ 1,4 bilhão/ano. Que caiu a R$ 0,56 bilhão de média/ano, com o R$ 1,7 bilhão de 2017 a 2019 e um inédito R$ 0,00 de PE em agosto de 2020. Qual o saldo desses recursos? E o que esperar do futuro próximo, com o julgamento da partilha dos royalties em 3 de dezembro no STF?
Rafael – Durante as gestões perdulárias e irresponsáveis, Campos chegou a bater mais de R$ 200 milhões em uma única PE. Hoje, em nossa gestão, pela primeira vez na história tivemos uma PE zerada. Vivemos um novo tempo. Não podemos mais ficar sonhando com novos poços de petróleo, nem esperando dinheiro cair do céu para fazer a farra que a mamãe de um fazia ou a farra que o papai do outro fazia. Esse novo tempo pede coragem, responsabilidade e experiência. E hoje eu tenho experiência para dizer que ninguém conhece mais essa máquina na dificuldade do que eu. Levei muita pancada, mas tomei as decisões que eram necessárias. Já em relação ao julgamento da partilha dos royalties, estivemos por diversas vezes em Brasília e lutamos para que não aconteça. Mas se acontecer, devemos estar prontos para decisões duras e redimensionamento da máquina pública.
Folha – Na mesma série da Folha sobre a crise financeira, na qual foram ouvidos professores e gestores universitários, juristas, empresários, sindicalistas e servidores, vários deles foram categóricos ao afirmar que não há solução mágica para Campos. E que o candidato a prefeito que afirmar o contrário nas eleições, estaria mentindo. Concorda? Por quê?
Rafael – Exatamente isso. Dizer que vai voltar os tempos de fartura da mamãe de um, ou os tempos da gastança do papai do outro, é mentira. Na verdade, esse novo tempo começou no final de 2014, mas o grupo de Garotinho fugiu dos problemas. Aquela era a hora de tomar decisões duras, mas faltou coragem. Como pensam muito mais em eleição e pouco em gestão, eles começaram a contrair empréstimos como se não houvesse amanhã. O primeiro em 2014, o segundo em 2015 e, o terceiro, em 2016. Em vez de resolver os problemas, eles simplesmente criaram novas dívidas. E toda essa irresponsabilidade caiu no colo da nossa gestão, que teve a coragem que faltou para esses irresponsáveis. Eles sabiam o tamanho da bomba deixada, tanto que afirmaram que os salários dos servidores estariam atrasados em abril de 2017. Estamos em outubro de 2020 e os salários dos servidores estão em dia. E isso só foi possível porque tivemos a coragem de fazer o que eles não fizeram lá atrás. E agora o pai de toda essa irresponsabilidade envia o filho para dizer que sabe resolver tudo? Se não conseguiram fazer quando tinha o dobro, agora sabem resolver com a metade do dinheiro?
Folha – Entre várias discordâncias, a parceria com polo universitário, a adoção integral do pregão eletrônico nas compras do município e a retomada da sua vocação agropecuária foram apontados como opções unânimes para sair da crise. Elas foram tentadas em seu governo? Com que resultado? Há alguma outra opção? Embora tenha sido sua promessa de campanha em 2016, o pregão eletrônico não foi adotado de maneira integral na sua gestão. Por quê?
Rafael – Parcerias com o nosso polo universitário acontecem desde o primeiro dia da nossa gestão e serão ampliadas. Em 2018 lançamos um programa de bolsas de pesquisa que inédito foi na cidade. Com este programa, ampliamos a aproximação do poder público com o setor acadêmico, proporcionando um trabalho conjunto. Foi, inclusive, essa sintonia com a academia que permitiu um trabalho em parceria com IFF e Uenf durante a pandemia. Sobre as nossas vocações históricas, como a agricultura, receberam atenção especial durante a nossa gestão. Um exemplo que ilustra bem é o caso do nosso agricultor familiar. Produtos da merenda escolar que antes eram comprados fora do Estado do Rio agora são comprados dos nossos produtores, por meio das Chamadas Públicas da Agricultura Familiar. E nosso plano de governo, que pode ser visto em nosso site da campanha, mostra o quanto já avançamos e nossas propostas para os próximos anos. Já em relação ao pregão eletrônico, algo que nunca havia sido feito em Campos, para gerar economia e ainda mais transparência, também começou em nossa gestão. Só não foi realizado antes por conta de ajustes para que pudesse ser implementado da forma mais adequada e dentro da legalidade.
Folha – Além do pregão eletrônico, outra sua promessa de campanha de 2016 foi a manutenção de programas sociais como a Passagem Social, o Cheque Cidadão e o Restaurante Popular. E todos os três foram suspensos em seu governo. A despeito da difícil situação financeira difícil, que alegou para cortá-los, como responde à acusação de estelionato eleitoral feita por seus adversários? Por que sua tentativa de reabrir o Restaurante Popular não teve êxito?
Rafael – No início da nossa gestão fiz o possível para manter os programas. Tanto que nos primeiros meses eles foram mantidos. Foram muitos dias fazendo e refazendo contas até a decisão de interromper os programas. E naquele momento, enquanto levava muita pancada, fizemos algo que nunca havia sido feito em Campos. Dei autonomia para que as assistentes sociais pudessem trabalhar sem interferência política. Se no passado a interferência política na área de assistência social levou políticos para a cadeia, em nossa gestão isso mudou. O número de atendimentos a família em vulnerabilidade social aumentou, através do Cras. E quem definiu o critério de atendimento não foi prefeito ou vereador, mas sim as assistentes sociais. E deste trabalho técnico tenho muito orgulho quando ouço relatos de pessoas que participaram de cursos em nossa secretaria de Desenvolvimento Humano e hoje estão trabalhando e ampliando a renda de suas famílias. Mas quem realmente precisa não deixou de ter assistência, seja com cestas básica ou alimentação no Centropop. Em relação ao Restaurante Popular, é bom lembrar que tentamos reabrir no mesmo local, mas houve uma manobra bem estranha à epoca. O deputado Wladimir Garotinho estava bem alinhado ao governador Wilson Witzel e a intenção dos dois era abrir para fazer uma dobradinha política. Buscamos então um outro local, mas aí veio a pandemia. Mas reformamos e ampliamos os atendimentos no Centropop, na Formosa. Ali, quem realmente precisa, se alimenta três vezes ao dia de forma gratuita.
Folha – Outra crítica feita desde a campanha de 2016, que perdurou em seus quase quatro anos governo, é a de que suas decisões se dariam entre um Writing Studio (…) em relação ao julgamento da partilha dos royalties (…) se acontecer, devemos estar prontos para decisões duras e redimensionamento da máquina pública”.
Folha da Manhã – Seu governo projetou o orçamento de Campos para 2021 em R$ 1,7 bilhão. Em série de painéis sobre a crise financeira do município, o economista Alcimar Chagas, professor da Uenf, calculou em R$ 1,5 bilhão. Que foi considerado “otimista” pelo economista Roberto Rosendo, diretor da UFF-Campos. O fato é que R$ 1,1 bilhão já está comprometido só com folha de pagamento de servidor e a despesa total está orçada em R$ 2 bilhões. Como fechar a conta?
Rafael Diniz – Governar Campos requer coragem e responsabilidade para administrar crises, enfrentar críticas e trabalhar de forma incansável para fechar essa conta. Estaria mentindo se dissesse que em 2021 vamos ter vida fácil. O caminho ainda é o da austeridade, com decisões difíceis. Por isso, o eleitor precisa refletir. É hora de voltar ao passado e resgatar famílias que não souberam governar Campos nos tempos de fartura e jogaram dinheiro e oportunidades no lixo? É hora de apostar em quem tem DNA da corrupção e do desperdício? Nossa gestão aumentou nossa receita própria em mais de R$ 100 milhões, captou quatro vezes mais recursos do que a gestão anterior com emendas e fechou a torneira do desperdício. O caminho para fechar essa conta é ampliar esse trabalho. Quem disser que tem fórmulas mágicas está mentindo. Uma coisa é certa: quem não soube fazer nos tempos de fartura não vai saber neste momento de dificuldade.
Folha – Reitor da Uenf, o professor Raul Palacio tem batido sempre na tecla da necessidade de um pacto entre o vencedor da eleição a prefeito com todos os segmentos da sociedade. No que foi endossado por vários outros atores entrevistados na série de painéis da Folha. Em que termos esse pacto teria que ser firmado? Ele foi tentado em seu governo? Com que resultados? Como equilibrar os interesses muitas vezes conflitantes dos segmentos envolvidos?
Rafael – Lembro como se fosse hoje dos primeiros dias da nossa gestão. Dialoguei com todos os segmentos. Muitas pessoas, inclusive, revelaram estar entrando pela primeira vez no gabinete do prefeito, já que alguns segmentos foram ignorados por décadas em Campos. Foi o nosso diálogo com as universidades, por exemplo, que permitiu parcerias importantes com Uenf, IFF e Porto do Açu durante a pandemia, com a viabilização de laboratório, EPIs e recuperação de respiradores e monitores. Mas concordo quando escuto que poderíamos ter ampliado esse diálogo e dividido mais com os segmentos os graves problemas que encontramos na máquina municipal. Mas só sentando na cadeira que temos a dimensão sobre a dificuldade de equilibrar interesses e fazer esse pacto funcionar. Em um mesmo dia a gente dialoga com uma categoria, depois com outra categoria e os interesses delas são completamente opostos. Quer um exemplo? Os ambulantes e os comerciantes do Centro. Os comerciantes pedem uma atuação forte da Prefeitura e os ambulantes protestam e pedem para o governo não reprimir. Este é apenas um dos muitos exemplos. Por isso que estou sempre dizendo: ser prefeito requer coragem para tomar decisões que muitas vezes desagradam.
Folha – Corrigido pelo INPC, de 1999 a 2019, Campos recebeu R$ 25,51 bilhões de royalties e Participações Especiais (PEs). Até 2016, foram R$ 23,67 bilhões, média de quase R$ 1,4 bilhão/ano. Que caiu a R$ 0,56 bilhão de média/ano, com o R$ 1,7 bilhão de 2017 a 2019 e um inédito R$ 0,00 de PE em agosto de 2020. Qual o saldo desses recursos? E o que esperar do futuro próximo, com o julgamento da partilha dos royalties em 3 de dezembro no STF?
Rafael – Durante as gestões perdulárias e irresponsáveis, Campos chegou a bater mais de R$ 200 milhões em uma única PE. Hoje, em nossa gestão, pela primeira vez na história tivemos uma PE zerada. Vivemos um novo tempo. Não podemos mais ficar sonhando com novos poços de petróleo, nem esperando dinheiro cair do céu para fazer a farra que a mamãe de um fazia ou a farra que o papai do outro fazia. Esse novo tempo pede coragem, responsabilidade e experiência. E hoje eu tenho experiência para dizer que ninguém conhece mais essa máquina na dificuldade do que eu. Levei muita pancada, mas tomei as decisões que eram necessárias. Já em relação ao julgamento da partilha dos royalties, estivemos por diversas vezes em Brasília e lutamos para que não aconteça. Mas se acontecer, devemos estar prontos para decisões duras e redimensionamento da máquina pública.
Folha – Na mesma série da Folha sobre a crise financeira, na qual foram ouvidos professores e gestores universitários, juristas, empresários, sindicalistas e servidores, vários deles foram categóricos ao afirmar que não há solução mágica para Campos. E que o candidato a prefeito que afirmar o contrário nas eleições, estaria mentindo. Concorda? Por quê?
Rafael – Exatamente isso. Dizer que vai voltar os tempos de fartura da mamãe de um, ou os tempos da gastança do papai do outro, é mentira. Na verdade, esse novo tempo começou no final de 2014, mas o grupo de Garotinho fugiu dos problemas. Aquela era a hora de tomar decisões duras, mas faltou coragem. Como pensam muito mais em eleição e pouco em gestão, eles começaram a contrair empréstimos como se não houvesse amanhã. O primeiro em 2014, o segundo em 2015 e, o terceiro, em 2016. Em vez de resolver os problemas, eles simplesmente criaram novas dívidas. E toda essa irresponsabilidade caiu no colo da nossa gestão, que teve a coragem que faltou para esses irresponsáveis. Eles sabiam o tamanho da bomba deixada, tanto que afirmaram que os salários dos servidores estariam atrasados em abril de 2017. Estamos em outubro de 2020 e os salários dos servidores estão em dia. E isso só foi possível porque tivemos a coragem de fazer o que eles não fizeram lá atrás. E agora o pai de toda essa irresponsabilidade envia o filho para dizer que sabe resolver tudo? Se não conseguiram fazer quando tinha o dobro, agora sabem resolver com a metade do dinheiro?
Folha – Entre várias discordâncias, a parceria com polo universitário, a adoção integral do pregão eletrônico nas compras do município e a retomada da sua vocação agropecuária foram apontados como opções unânimes para sair da crise. Elas foram tentadas em seu governo? Com que resultado? Há alguma outra opção? Embora tenha sido sua promessa de campanha em 2016, o pregão eletrônico não foi adotado de maneira integral na sua gestão. Por quê?
Rafael – Parcerias com o nosso polo universitário acontecem desde o primeiro dia da nossa gestão e serão ampliadas. Em 2018 lançamos um programa de bolsas de pesquisa que inédito foi na cidade. Com este programa, ampliamos a aproximação do poder público com o setor acadêmico, proporcionando um trabalho conjunto. Foi, inclusive, essa sintonia com a academia que permitiu um trabalho em parceria com IFF e Uenf durante a pandemia. Sobre as nossas vocações históricas, como a agricultura, receberam atenção especial durante a nossa gestão. Um exemplo que ilustra bem é o caso do nosso agricultor familiar. Produtos da merenda escolar que antes eram comprados fora do Estado do Rio agora são comprados dos nossos produtores, por meio das Chamadas Públicas da Agricultura Familiar. E nosso plano de governo, que pode ser visto em nosso site da campanha, mostra o quanto já avançamos e nossas propostas para os próximos anos. Já em relação ao pregão eletrônico, algo que nunca havia sido feito em Campos, para gerar economia e ainda mais transparência, também começou em nossa gestão. Só não foi realizado antes por conta de ajustes para que pudesse ser implementado da forma mais adequada e dentro da legalidade.
Folha – Além do pregão eletrônico, outra sua promessa de campanha de 2016 foi a manutenção de programas sociais como a Passagem Social, o Cheque Cidadão e o Restaurante Popular. E todos os três foram suspensos em seu governo. A despeito da difícil situação financeira difícil, que alegou para cortá-los, como responde à acusação de estelionato eleitoral feita por seus adversários? Por que sua tentativa de reabrir o Restaurante Popular não teve êxito?
Rafael – No início da nossa gestão fiz o possível para manter os programas. Tanto que nos primeiros meses eles foram mantidos. Foram muitos dias fazendo e refazendo contas até a decisão de interromper os programas. E naquele momento, enquanto levava muita pancada, fizemos algo que nunca havia sido feito em Campos. Dei autonomia para que as assistentes sociais pudessem trabalhar sem interferência política. Se no passado a interferência política na área de assistência social levou políticos para a cadeia, em nossa gestão isso mudou. O número de atendimentos a família em vulnerabilidade social aumentou, através do Cras. E quem definiu o critério de atendimento não foi prefeito ou vereador, mas sim as assistentes sociais. E deste trabalho técnico tenho muito orgulho quando ouço relatos de pessoas que participaram de cursos em nossa secretaria de Desenvolvimento Humano e hoje estão trabalhando e ampliando a renda de suas famílias. Mas quem realmente precisa não deixou de ter assistência, seja com cestas básica ou alimentação no Centropop. Em relação ao Restaurante Popular, é bom lembrar que tentamos reabrir no mesmo local, mas houve uma manobra bem estranha à epoca. O deputado Wladimir Garotinho estava bem alinhado ao governador Wilson Witzel e a intenção dos dois era abrir para fazer uma dobradinha política. Buscamos então um outro local, mas aí veio a pandemia. Mas reformamos e ampliamos os atendimentos no Centropop, na Formosa. Ali, quem realmente precisa, se alimenta três vezes ao dia de forma gratuita.
Folha – Outra crítica feita desde a campanha de 2016, que perdurou em seus quase quatro anos governo, é a de que suas decisões se dariam entre um pequeno grupo de amigos e colaboradores, todos da sua faixa etária. Como reage a esses questionamentos? Faltaram pessoas mais experientes ao seu lado, com poder de interferir nas decisões? Por quê?
Rafael – Nos últimos 30 anos o que se viu em Campos foi um revezamento entre as mesmas pessoas em várias pastas. Trocava o governo e as peças eram as mesmas. A cidade pedia uma oxigenação dos quadros. E na formação do nosso secretariado optamos por essa oxigenação. E não é do dia para a noite que se forma um quadro, requer tempo e, sobretudo, a oportunidade de estar à frente de um novo desafio, o que gera erros e acertos. Veja por exemplo o número de mulheres em nossas secretarias e superintendências. É o maior da história de Campos. Temos mulheres hoje no comando de pastas como Saúde, Educação, Comunicação, Cultura, Idoso, Justiça, Transparência e Controle, Fundação da Infância e Juventude, Desenvolvimento Humano e Previcampos, além da nossa vice-prefeita. Quem me conhece sabe que sou aberto ao diálogo, seja com jovens ou mais experientes. E sobre essa experiência interferir em decisões, é sempre bom lembrar que um casal experiente, que já governou o estado do Rio, jogou nossa cidade em um mar de lama e incompetência. E ainda tem candidato que ouve conselhos e ordens dessa dupla.
Folha – Outro ponto contestado por seus adversários é a questão de você ter ficado quatro anos usando a gestão passada como justificativa aos problemas do município. É inegável a má administração, sobretudo dos recursos de royalties, nas gestões anteriores. Mas muito se cobra por um legado do seu governo. Hoje, que marca seria essa? Por que não há fácil percepção por parte da população com relação ao que você considera como legado?
Rafael – Em diversas ocasiões escuto: “Rafael, você deveria ter mostrado mais a situação caótica que você encontrou o município”. Já em outros momentos escuto que falamos demais do rombo que encontramos. Mas durante a nossa gestão não ficamos presos a isso. Nossa marca está presente na nova forma de governar essa cidade. Trabalhamos e temos marcas em todas as áreas. Na Cultura, a marca da gastança com shows deu lugar aos shows e eventos em parceria com o Sesc. Na Educação mostramos que é possível lançar a primeira escola integral, eleição para diretor, merenda com agricultura familiar e fim dos livros milionários da Expoente. No Esporte nossa marca é o salto de mil para mais de 20 mil pessoas praticando esportes em nossos equipamentos, sem falar no Paraesporte, que é o maior Paraesporte público do Brasil. Na Saúde temos a marca da prioridade. Se no passado o Cepop vinha antes do hospital, em nossa gestão a prioridade foi entregar o Hospital São José, na Baixada Campista, a nova UPH de Travessão e a Policlínica do Servidor, além de iniciar a tão esperada reforma no HGG. Nossa marca está presente no Cisp, maior central de monitoramento com câmeras da história de Campos, na iluminação de led que Campos nunca teve. Tiramos a cidade das últimas colocações do ranking da transparência e colocamos no topo, ganhando prêmios. Sou o único prefeito de Campos eleito que não foi cassado nos últimos 20 anos. Não tenho o DNA da corrupção, nem do desperdício. Lógico que gostaríamos de ter feito muito mais, mas não deixamos de trabalhar um segundo sequer. Este é o momento de refletir e comparar. Quem é quem nessa disputa?
Folha – Sua campanha de 2016 teve excelente desempenho de comunicação, sobretudo nas redes sociais. Por outro lado, durante o governo, a comunicação foi muitas vezes, apontada como um ponto que deixou a desejar. Concorda? Por quê? O que faltou para que o desempenho nessa área, exitoso na campanha, fosse também na gestão?
Rafael – A Comunicação na gestão Rosinha contou com mais de R$ 30 milhões. Não executamos 10% disso em nossa gestão, incluindo campanha contra a dengue, doação de sangue e vacinação. É lógico que seria notada uma diferença, já que nosso alcance fica menor. Além disso, a necessidade de tomar decisões difíceis me fez aparecer sempre dando notícias duras. E fiz questão de fazer isso pessoalmente, já que ao contrário de quem se escondia, eu assumo as responsabilidades. Ou seja, como eu poderia em meio a um ambiente de tensão, aparecer sorrindo lançando um programa com as crianças do Paraesporte? Como que no meio do furacão eu poderia sair do gabinete para sorrir em peças de propaganda? Mas hoje penso que deveríamos buscar uma forma de estar mais próximos das pessoas, mesmo durante as maiores dificuldades.
Folha – Apesar do desgaste de popularidade, você governou a maior parte do tempo com maioria na Câmara Municipal. Enquanto vereador, sempre defendeu a independência dos poderes, sem que a Câmara fosse um “puxadinho” do Cesec. Essa separação ocorreu na sua gestão? Como acompanhou o processo de esvaziamento da sua base na Câmara, a partir da proximidade com o período eleitoral?
Rafael – Durante a nossa gestão acabou aquela história de prefeito achar que é dono da Câmara e dos vereadores. Tivemos a maioria, mas a independência dos poderes foi respeitada. Se no passado os pedidos de informações eram negados pelo rolo compressor do governo, na atual legislatura os secretários foram diversas vezes ao Legislativo dar explicações sobre todos os tipos de questionamentos. Nunca a Câmara recebeu tantas audiências públicas sobre temas variados. Acabou essa história de “puxadinho”, mas parece que alguns políticos que mudam de lado talvez gostem de um perfil agressivo, que pisa no pescoço. Vai entender. Mas é bom que reflitam sobre o modus operandi de alguns grupos que se acham donos da cidade e das pessoas.
Folha – A Saúde Pública parece ser o calcanhar de Aquiles de todas as administrações, em todas as esferas, há muitos anos. Considera que Campos, nos últimos quatro anos, foi uma exceção? Em quê? A dívida municipal com os hospitais contratualizados vinha do governo anterior, mas se ampliou no seu. Por que e qual a perspectiva real de saldá-la? Como encara a atuação do município contra a Covid-19? Ela foi um ponto positivo da sua administração?
Rafael – Além da crise financeira, enfrentamos durante a nossa gestão a maior pandemia mundial dos últimos tempos. E enfrentamos a pandemia de cabeça erguida, com muito trabalho e responsabilidade. Abrimos o Centro de Controle e Combate ao Coronavírus (CCC) no final de março, quando Campos tinha apenas um caso confirmado da doença. E buscamos parcerias o tempo todo. Um exemplo foi a recuperação de respiradores com apoio do Porto do Açu, além de outras importantes parcerias com a Uenf para laboratório, IFF para EPIs, Grupo Dor para aplicativo de agendamento de testagens, Sest/Senat, empresas que fizeram doações importantes. Não faltou leito de UTI, nem leito clínico para nenhum paciente durante a pandemia. Atuamos com coragem, firmeza e salvamos muitas vidas. E na Saúde, de uma forma geral, é inegável que temos problemas, mas não deixamos de priorizá-la. Foi em nossa gestão que abrimos a UPH São José, na Baixada, a UPH de Travessão, a Policlínica do Servidor, reformamos 10 UBSs, criamos o sistema Marca Fácil, contratamos mais de 100 médicos concursados, ampliamos o Estratégia Saúde da Família (ESF) de sete para 28 equipes, abrimos o Centro de Especialidades Odontológicas, retomamos o programa saúde na escola e iniciamos a reforma do telhado do HGG, um problema crônico que se arrastou por décadas.
Folha – A avaliação de Campos no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) não vinha sendo dos melhores. Neste ano, seu governo classificou como “falha humana” o fato de o município ter ficado sem nota pelo não envio os dados. Por outro lado, a implantação do Centro Municipal de Educação Integral (Cemei) é visto como um ponto positivo. Qual a sua nota para a Educação de Campos? Pretende dar continuidade ao Cemei?
Rafael – Lá atrás, na campanha de 2016, afirmei que a Educação passaria por grandes transformações em nossa gestão. E começamos essa transformação logo no início do governo com o fim da aprovação automática, autonomia do professor, fim do material didático que vinha de Curitiba e custava R$ 40 milhões, dando lugar ao material do MEC, gratuito e escolhido pelos nossos servidores. Além disso, hoje nossos diretores são escolhidos através de eleição, pela comunidade escolar e pais de alunos. Aumentamos os tempos de português e matemática e inauguramos a primeira escola em tempo integral de Campos, o Cemei do Parque Aurora. A nossa meta é ampliar, com planejamento montado para oito Cemeis. Lógico que as mudanças na Educação não são vistas de forma imediata, mas já temos orgulho de dizer que nossos alunos da rede municipal bateram recorde de aprovação para o IFF, alguns deles nas primeiras posições. Sobre o Ideb, infelizmente houve essa falha humana, mas basta acompanhar nosso trabalho na Educação para notar que ao contrário de antes, hoje existe planejamento, com um projeto sério e comprometido.
Folha – O transporte público é outro serviço bastante contestado no município. Qual a sua opinião sobre o sistema vigente, o tronco-alimentador? Pretende manter esse modelo? Quais as alternativas para melhorá-lo? Caso pretenda mudá-lo, como e o que faria? O combate ao transporte clandestino, feito em seu governo, depende do resultado das urnas?
Rafael – Para responder a essa pergunta, precisamos lembrar de como era antes do novo sistema. Quantas vezes a própria Folha noticiou reclamações, confusões, brigas e greves envolvendo o sistema de transporte? Quantas vezes os rodoviários paralisaram suas atividades reclamando de salários atrasados e outros problemas? Quantas manifestações de localidades sem atendimento? Feita essa reflexão, vamos aos fatos. Tivemos a coragem para tomar a decisão que já deveria ter sido tomada há muito, que era acabar com a confusão e competição desleal de vans e ônibus na cidade, que resultava na bagunça que era antes do novo sistema. Assim, para pôr fim a essa briga eterna, e mesmo recebendo ameaças contra a minha vida, assim como as ameaças sofridas pelo presidente do IMTT, iniciamos a implantação do novo sistema. Temos problemas ainda? Claro que sim, não tapamos o sol com a peneira, mas avançamos. Nosso foco e prioridade agora passa a ser os terminais de integração, que hoje ainda são provisórios, mas que em breve serão definitivos com a estrutura para proporcionar maior conforto e segurança para população, lembrando que mesmo não sendo a estrutura que desejamos, a estrutura provisória atual é muito melhor do que havia antes, ou esquecemos que antes do novo sistema os usuários das vans não tinham nenhuma estrutura para espera do transporte, ou esquecemos das filas próximas ao Mercado Municipal ou na descida da Gil de Góis? Outro ponto que merece muito destaque é o Mobi Campos, nosso aplicativo de mobilidade que permite que a população acompanhe em tempo real todo o sistema de transporte. Isso nunca existiu no município, e hoje mais de 100 mil campistas fazem uso diário dessa ferramenta tecnológica. Além disso, sem sombra de dúvidas, nenhum outro governo trabalhou tanto como o nosso para combater o transporte ilegal e clandestino, ainda que isso resultasse em ameaças. Mesmo sabendo dos riscos e perigos que envolvem tal assunto, fizemos e continuamos a fazer o que precisa ser feito.
Folha – Segurança pública é dever do Estado, mas cada vez mais estão sendo traçadas ações conjuntas com os municípios. Em Campos, por exemplo, a mais recente foi a instalação do Centro Integrado de Segurança Pública (Cisp). Seu secretário de Segurança Pública, Darcileu Amaral, defende que a Guarda Civil seja armada. E você? Como avalia a política municipal na Segurança? No que poderia melhorá-la?
Rafael – Mesmo sendo um dever do Estado, nunca deixamos de contribuir na área de Segurança Pública, inclusive com a criação da nossa secretaria de Segurança. Sim, o nosso Centro Integrado de Segurança Pública (Cisp) é um exemplo dessa integração. Hoje, nosso Centro de Monitoramento é exemplo para diversos municípios, já que integramos em um mesmo local as forças de segurança da cidade. Além das nossas câmeras na cidade, há o programa Campos mais Segura, que permite e integração das câmaras de residências e comércios. Sobre o armamento da Guarda Municipal, existe legislação federal neste sentido e temos um diálogo permanente no sentido de implementar, mas seguindo todas as questões pertinentes. É importante lembrar que também implementamos em nossa gestão a substituição das lâmpadas comuns por luminárias de LED nas principais avenidas de Campos, garantindo mais segurança para motoristas, pedestres, moradores, comerciantes e estudantes.
Folha – Você foi eleito prefeito em 2016 no primeiro turno, numa vitória avassaladora em todas as zonas eleitorais do município. E trazia a promessa do novo, após quase três décadas do garotismo e do arnaldismo no poder. Quatro anos depois, o que a sua candidatura à reeleição representa? Como vê a reedição do enfrentamento nas urnas com os grupos que derrotou? Se pudesse voltar no tempo até 1º de janeiro de 2017, o que faria diferente?
Rafael – As gestões de Arnaldo e Garotinho foram marcadas pelo desperdício de dinheiro público, escândalos, cassações e prisões. Sobrava dinheiro e faltava responsabilidade. Chegamos no momento financeiro mais difícil da história de Campos e, infelizmente, não conseguimos implementar tudo que sonhamos. Antes de cada habitante de Campos sofrer por conta de medidas duras e cortes, eu sofri. Foram decisões duras, mas necessárias. Errei, lógico. Poderia ter dialogado mais, mostrado mais a dura missão de governar uma cidade que se acostumou com a fartura e não se preparou para esses tempos de dificuldade. Se pudesse voltar atrás, não tenho dúvidas de que tentaria estar mais próximo das pessoas. Levei muita pancada, mas estou aqui de pé, sem a mancha da corrupção. Minha candidatura representa a coragem de quem sabe que não existe mágica e a experiência de ser o único prefeito que administrou essa máquina nos tempos de dificuldade. Chego aqui com minha ficha limpa e pronto para debater. É a hora de mostrar quem é quem. Quem representa o desperdício, a corrupção, e quem lutou para colocar a casa em ordem.
Fonte: Folha1

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