Blog do Adilson Ribeiro

Quarta-feira – 22:46 – Após 50 anos de desastre aéreo nos Andes, sobrevivente de drama com canibalismo recorda: ‘Eu vivi o inferno’. Veja Abaixo:

Roy Harley sobreviveu a uma das mais dramáticas tragédias aéreas da História: a queda de um avião na Cordilheira dos Andes em 13 de outubro de 1972, após se chocar com um pico. Dos 45 ocupantes da aeronave da Força Aérea Uruguaia, apenas 16 sobreviveram após 72 dias de sofrimento, privações, temperaturas congelantes e até canibalismo. Foi o “Milagre dos Andes”, uma história comovente que acabou levada ao cinemas.

 

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A primeira noite foi a pior, recordou Roy. O avião levava jogadores de um time amador de rúgbi do Uruguai e seus familiares para uma partida no Chile. Muitos deles não estavam preparados para o frio extremo. Após a queda, alguns dos sobreviventes estavam seriamente feridos. Os que podiam se espremiam no que restava da fuselagem entre os cadáveres e os gritos dos feridos. Inicialmente, 32 sobreviveram à queda.

“Naquela noite, eu vivi o inferno”, desabafou Roy à France Presse. “Aos meus pés havia um menino que estava sem uma parte do rosto e engasgado com sangue. Eu não tive coragem de estender a mão para ele, segurar a sua mão, confortá-lo. Eu estava com medo. Eu estava com muito medo”, emendou ele, de 70 anos.

Na manhã seguinte, outros quatro morreram.

“Não tenho palavras para descrever como estava frio”, disse o ex-companheiro de equipe de rúgbi de Roy, amigo e também sobrevivente Carlos Paez, agora com 68 anos. “Estávamos com tanto frio, era tão difícil, que não tenho palavras para descrevê-lo”, completou.

Roy Harley, sobrevivente da tragédia dos Andes
Roy Harley, sobrevivente da tragédia dos Andes Foto: AFP

No décimo dia de isolamento, os sobreviventes ouviram por rádio, que funcionou por poucos minutos, que as buscas haviam se encerrado. Estavam, assim, oficialmente desamparados.

Quase não havia comida no avião que faria um voo curto de Mendoza (Argentina), onde fazia escala, para Santiago (Chile). Foi quando entrou em cena o canibalismo como forma de sobrevivência, um dos temas que mais dói para os sobreviventes.

Não havia alimento disponível na paisagem desolada e coberta de gelo, e logo os sobreviventes estariam mortos de fome. A maioria, então, votou “sim” para comer seus amigos mortos. Católicos, muitos deles preferiram comparar o ato de comer carne humana ao ritual sagrado da comunhão.

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Memorial às vítimas da tragédia dos Andes no local da queda do avião da Força Aérea Uruguaia Foto: Reprodução/Wikimedia Commons

Dez semanas depois, finalmente veio a tão esperada ajuda. Roberto Canessa e Fernando Parrado começaram a andar na neve rumo ao desconhecido. Após dez dias, eles avistaram homens a cavalo. O grupo não podia ouvi-los, mas um dos homens encontrou no dia seguinte uma pedra com uma mensagem em papel enrolado nela pedindo ajuda. No dia seguinte, chegou o helicóptero.

Roy e Carlos insistem que não são vítimas. Para eles, a sua história nos Andes é sobre resiliência e trabalho em equipe.

“Uma história extraordinária estrelada por pessoas comuns. No fim, a vida triunfou”, disse Carlos.

 

Fonte: Extra.

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